23 de abril de 2024
Coronavírus

LADAINHA DE ROMEIRO

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Entre mudar de assunto ou perder a fidelíssima leitora,  a escolha está difícil.

A intimação chegou logo cedo e foi recebida como pauta a ser cumprida.

Quase impossível não falar, se  é tudo que se escuta. E se lê.

Não adianta procurar outra temática, em vôo de pássaro sobre os jornais digitais e nas poucas páginas da folha diária.

Do garimpo nas redes sociais, só sai o cascalho de sempre.

A pepita que cura ou previne, é promessa para o ano que entra. E olhem lá, os pessimistas.

A resignação é tamanha que nunca um solstício de inverno foi tão comemorado e discutido.

O meio do ano bissexto gerou dúvidas, como se o equinócio também fosse observado, não só nas metades dos dias iguais mas também em algum ponto incerto dos 365 indivisíveis em dois  semestres do mesmo tamanho. E se  isso tudo fizesse alguma diferença.

No calendário, um alento. Representado em gráfico, sua curva de Gauss mostra que o ano que nunca será esquecido, atingiu  o pico. E já foi iniciada a contagem regressiva para a próxima década.

As mesmas estórias de sempre continuarão ainda na velha ordem  mas não há como deixar de fora aquilo  que ocupou todos os espaços.

Até no futebol, a polêmica não é quem é o melhor craque, o pior perna-de-pau ou goleiro mais frangueiro. Todos querem opinar pela graça ou sua falta, em jogos com plateia de Riachuelo versus  Ferroviário.

O caderno de Economia é bom nem entrar nessa conversa. Cheio de índices a serem revistos e sem os prazos tão precisos de antes.

Parece até que a  página policial é a menos afetada.

Como os crimes violentos não diminuíram com o distanciamento, é de se pensar. Ou as pessoas continuam dando à vida, o mesmo valor que sempre deram, ou as feras em cativeiro ficam mais agressivas ainda.

Quem não precisou de adaptações ao novo estilo de vida foram os trambiqueiros. Mesmo assim eles mostram uma tendência.

No Rio de Janeiro foi preso um falso médico fazendo procedimentos estéticos com especialidade  em preenchimentos labiais.

Como se a máscara obrigatória não fosse esconder a obra do cirurgião plástico fajuto.

A notícia, sem destaque, traz uma pergunta. Quem pode exercer a milenar arte de curar e que agora querem, seja só ciência e matemática?

Se de médico, todos tinham só um pouco, agora terão muito.

Com todas as doenças resumidas em uma só.

Tratada sem prescrição alguma a não ser o antitérmico de costume.

E uma única orientação:

Quando não der mais pra resistir, procure um hospital.

Lá estarão  os resistentes doutores de verdade. Sem inconsistências curriculares.

Com sintomatologia abrangente e as queixas cabendo no único diagnóstico, as hipóteses diferenciais tornam-se desnecessárias.

Os exames de fácil interpretação, não pedem raciocínios clínicos elaborados.

Se positivos ou negativos, poderão ser falso-positivos ou falso-negativos. Ou apenas falsos. Como qualquer outro ching-ling.

Em ambiente confuso, com o tempo precisando ser melhor repartido, a Medicina sob suspeita e as incertezas do futuro, ainda resta muito a fazer.

E viver.

Pra começar (e pra  não adoecer), é bom seguir o conselho tantas vezes repetido pelo pai da leitora fugidia e do aprendiz de cronista monotemático:

Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz.

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One thought on “LADAINHA DE ROMEIRO

  • Nelson Mattos Filho

    Caba bom de escrita!!!!

    Resposta

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