Lembranças de Theodorico, Imperador do Sertão, majó da política
O título de “Imperador do Sertão” lhe foi dado pelo cineasta Eduardo Coutinho, diretor de um antológico Globo Repórter, a patente de “Majó”, sem o R final foi o povo que procurava Theodorico Bezerra, nascido há 117 anos no dia de hoje.
Convivi com Theodorico por mais de trinta anos, com lugar na sua mesa – mesa farta – no Grande Hotel, construído pelo Governo e sala de visitas de Natal, na época da 2ª Guerra, quando a vida acontecia no bairro da Ribeira.
Na foto, feita no restaurante do Grande Hotel, nos anos 70′, Lauro Arruda (PSD), o Majó, Zé Olimpio (UDN) e o locutor que vos fala.
Embora neto e filho de grandes amigos do Majó, sempre assumi a posição de repórter procurando ouvir suas lições.
ÚLTIMA LIÇÃO
Theodorico, aposentado, vai visitar o genro, Hélio Nelson, com o Mal de Alzaimer se instalando. E eu agindo como fazia em todas as vezes que nos encontravamos, com uma provocação:
– Então Majó, vai ser candidato?
– Vou ter de ser. Morreu todo mundo, Georgino, Dioclécio, Dinarte, Djalma…
– Por qual partido?
– Pelo Partido do Governo.
E sem esperar outra pergunta emendou, com uma franquesa que não tinha quando na ativa:
– Sai mais barato.
Foi a última vez que falei de política com Theodorico. Na primeira le me deu um conselho:
Quer ser político?
– Então aprenda a acordar cedo; andar ligeiro e conversar pouco.