23 de abril de 2024
Homenagem

LEMBRANÇAS DO SUPER MÁRIO

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O necrológio traz recordações.

É tempo de fazer contas e retroceder o calendário.

Passados quase 40 anos.

Mossoró em ebulição pelo petróleo que começava a ser explorado e com vocação para Dallas do semi-árido, atraía empreendedores. Destino de quem sonhava em ter uma oportunidade para  desenvolver o potencial. Em qualquer profissão.

No período gestacional dos  planos de saúde, o SUS, ainda não totalmente unificado, era só para quem estava estabelecido desde o finado INAMPS.

O mercado reservado,  deixava poucas opções para quem procurava furar o cerco para entrar no restrito círculo dos médicos bem sucedidos.

A mais próspera experiência da medicina popular, exclusivamente privada, data desta época e deve-se à Policlínica Médica de Mossoró e ao seu fundador.

Criação de quem observou a cadeia produtiva e concluiu que um laboratório de análises clínicas teria muito mais movimento se mais fossem os médicos a solicitar exames.

Agregou consultórios ao empreendimento inicial, comprovando a intuição que anos depois seria batizada de verticalização dos serviços de saúde.

Antes que a primeira cooperativa de médicos começasse a atuar, já havia oferecido à clientela um modelo de fidelização.

Pelo pagamento de uma módica anuidade, sem carência alguma, o freguês tinha direito a ser atendido por especialistas, a preços abaixo dos cobrados nas clínicas particulares. Além do acesso a todos os exames por tabela simplificada e acessível.

À fé em Nossa Senhora dos Impossíveis que trouxe de Patu, associou tino comercial e visão de negócios para garantir o sucesso que passou à nova geração de filhos e sobrinhos.

O médico recém chegado, se de especialidade que não conflitasse com a de  colega antes acolhido, recebia um consultório para uso exclusivo.

Não havia compartilhamentos, independentes dos horários utilizados, nem pagamento algum pelo aluguel.

Nem despesas com atendentes e obrigações trabalhistas.

O único dispêndio era com a energia elétrica.

Um medidor de luz instalado em cada sala evitava que os aparelhos de ar condicionado permanecessem ligados a noite toda,  garantindo o frio nas manhãs quentes do sertão.

Farmacêutico e Bioquímico por formação acadêmica, se intitulava, Analista.

Muito cedo, perdeu a intimidade com provetas, tubos de ensaio e almofarizes.

Analisava a economia do povo humilde  e sabia como as riquezas  circulavam, observando o dinheiro  ser trocado de mãos e bolsos.

Contam que certa vez, a dúvida transformada em aposta, foi tirada com um telefonema.

O pedido de informação do médico com fama de bem atualizado, foi respondido sem hesitação.

Exame de reação de Ho Chi Minh eram entregues no mesmo dia.

E realizados já há vários anos. Antes mesmo do início da Guerra do Vietnã.

Acompanhou a evolução da tecnologia médica.

Quando percebeu que exames de ultrassonografia tinham vindo para ficar, estimulou um médico associado a fazer o treinamento básico e comprou o equipamento para dividirem o lucro.

Enquanto aguardava a instalação, a enorme caixa do aparelho ficou exposta, estacionada no hall de entrada.

Ao lado, o investidor explicava aos curiosos, do que se tratava.

Até que línguas ferinas ou estratégia do concorrente, fizeram circular o comentário que era modelo ultrapassado, máquina recondicionada.

Logo, uma  enorme placa foi colocada sobre o aviso de Cuidado, frágil.

Ultrassom novo. Último tipo.

Mário Vale é um daqueles tipos inesquecíveis, dignos de figurar nas Seleções do Reader’s Digest.

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One thought on “LEMBRANÇAS DO SUPER MÁRIO

  • Geraldo Batista de Araújo

    O comentário sobre o Dr. Mário Vale, valeu, muito bem posto. É muito oportuno escrever sobre figuras como ele. Não se pode deixar numa gaveta emperrado o que se pensa sobre figuras como ele. Valeu!!!

    Resposta

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