Mais uma reconciliação num Governo que … “briga pela briga”
Durante a semana passada, estava em cartaz o pugilato verbal entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia. No final de semana, Guedes trocava farpas com o colega Rogério Marinho.
A coisa vai ficando monótona.
Os contendores não se poupam insultos. Depois, simulam as pazes de forma desconcertante. E voltam a rodar a esmo, até a próxima briga.
A distância entre a retórica encrespada e a formalização de um rompimento impõe às desavenças uma certa ponderabilidade cômica.
O ministro da Economia e seus rivais —o colega do Desenvolvimento Regional e o presidente da Câmara— ficam numa posição parecida com a de adolescentes que ameaçam quebrar a cara uns dos outros, mas demoram tanto para levantar da cadeira que comprometem a seriedade da cena.
Brigas internas ocorrem em qualquer governo.Quando elas acontecem, cabe ao presidente, que está ao volante, definir o itinerário que deseja impor à sua administração. O problema é que Bolsonaro fez uma opção preferencial pela ambiguidade.
Ele diz que a “palavra final” na economia continua sendo de Guedes. Mas flerta com um populismo eleitoral que afasta o governo da agenda liberal do seu ministro.
O presidente decidiu transformar o Bolsa Família em Bolsa Reeleição. Juntou a fome do pedaço mais pobre da sociedade com a sua vontade de jantar a oposição em 2022. Jura que vai vitaminar o programa social sem furar o teto de gastos. Mas não define que cortes fará no Orçamento.
Todo mundo enxerga os malefícios da indefinição: a inquietação do mercado eleva o custo de financiamento da dívida pública.A instabilidade desestimula investimentos, retardando a recuperação de uma crise que mantém no olho da rua mais de 13 milhões de desempregados.
Embora ninguém ignore o óbvio, a patologia do ringue influi no metabolismo do poder. Quando as autoridades se especializam na briga, o mundo em volta deixa de ter importância.