Mandetta escreve livro e diz merecer “pito” por abraço de despedida; “Está errado”!
Ele falou a jornalista Mônica Bergamo da Folha de São Paulo e falou sobre o Day After. Atende a curiosidade de muitos que sentem falta de sua palavra segura e constante sobre os dias de pandemia no Brasil.
“Sempre anotei tudo o que passei ali dentro. Tenho muito material”, afirma ele.
Jair Bolsonaro, por enquanto, não fará parte das memórias. “Não vou escrever sobre política. Eu acho que não ajuda no momento. Tenho que ter um distanciamento maior para falar disso”, afirma.
O ex-ministro conversou com a coluna de Campo Grande (MS), para onde foi de Brasília de carro com sua mulher, Terezinha. Ele comprou uma coalhada num estabelecimento comercial aberto e viajaria para a fazenda da família para visitar os pais, Helio, 89, e Olga, 83.
Nem vou encostar neles”, diz o ex-ministro, questionado se estaria seguindo as orientações dele próprio sobre isolamento social.Mandetta falou da despedida do ministério, em que se aproximou de funcionários sem máscaras e chegou a abraçar uma servidora. A cena viralizou.
“Todo mundo queria me abraçar. Os funcionários choravam, foi uma comoção. Escolhemos uma delas para me dar o abraço em nome de todos”, afirma. “Mas tá errado. Totalmente errado. Pode me dar um pito”, diz.Mandetta afirma que deixou a Saúde com a curva de disseminação do vírus achatada graças ao isolamento, em especial no Rio e em SP. “O número de casos crescia 28%, dobrava a cada quatro dias. Quando saí, o crescimento já era de 8%”, afirma. Leia a íntegra da conversa da coluna com o ministro, que atendeu o celular de manhã, quando partia rumo à fazenda para visitar os pais: Estou em Campo Grande. Vim de boa, vim de carro, com a minha mulher. Em Campo Grande as coisas estão abertas. Fui comprar uma coalhada, [o estabelecimento comercial] estava aberto, tá tudo aberto. Vim ver o meu pai e a minha mãe [Helio Mandetta, de 89 anos, e Olga, de 83]. Estou indo para a fazenda. Neste tempo todo [de crise do coronavírus], eu falei todos os dias com o meu pai. Inclusive a frase “médico não abandona paciente”, que eu repetia, é dele.
RISCO PARA OS PAIS
Primeiro que eu não vou ficar enconstando neles. Temos casa [na fazenda] a 100 metros, 200 metros umas das outras. Tenho cinco dias para respirar. Depois volto para Brasília.ABRAÇOS NA DESPEDIDA
No ministério o distanciamento funcionou. Ficamos sempre a 2 metros, 2,5 metros, até 3 metros uns dos outros. Cada um com a sua cadeira, a sua caneta, o seu copo.Na despedida, a gente escolheu um para dar abraço em nome de todos. Todo mundo queria me abraçar. Os funcionários choravam, foi uma comoção. Escolhemos uma delas para me dar o abraço em nome de todos. Mas tá errado. Totalmente errado. Pode me dar um pito.