25 de abril de 2024
Negócios

MÁQUINA DE VIAGEM

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Não foi só o invento de Graham Bell que fascinou Dom Pedro II na Exposição Mundial da Filadélfia em 1876.

O imperador também aproveitou a viagem e trouxe na bagagem não alfandegável, duas máquinas de costura.

Doze anos depois, entre uma ausência e outra do pai, a Princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança, regente substituta que decidia e mandava, além de promulgar a lei de ouro que libertou os escravos, também autorizou o funcionamento da primeira empresa de máquinas de costura no país que começava a tropicalizar os modelitos europeus.

Quem veio, foi logo uma Brastemp.

Ator de pouco sucesso nos palcos de Nova Iorque, Isaac Singer  ganhou mais que um Oscar dos figurinos ao promover modificações nas rudimentares e artesanais máquinas de costurar, vindo a ser dos mais bem sucedidos industriais do seu tempo.

Sua obra prima tornou-se líder de mercado e sinônimo de qualidade.

A fama resistiu ao tempo e à invasão dos chineses.

Hoje quem não compra roupa feita em série, prêt-à-porter ainda usa produtos das velhas máquinas.

Quando Severino da Roupa Feita tendo a mesma ideia de Nevaldo Rocha, instalou a primeira indústria de confecções do agreste potiguar e começou a fazer calças e camisas de mescla, a revendedora exclusiva percebeu que estava surgindo concorrência, maior até que a da Elgin. Segunda opção mais barata que conquistava o cliente somente pelo preço mais baixo.

A tradição da multinacional, a primeira a vender a prazo em todo o país nos idos 90, de 1800,  era transmitida aos seus lojistas exclusivos.

Para estimular as vendas, uma promoção com parcelas a perder de vista e cativantes prêmios de desempenho.

Naquele mês, quem atingisse determinado número em vendas, ganharia uma viagem, de avião, para as Cataratas do Iguaçu e Assunção.

Com direito a mordomias, churrascos motivacionais e os melhores hotéis.

Era chegada a hora do fusca do universitário em férias conhecer as estradas poeirentas.

De Vila Nova a Duas Estradas. Do Entroncamento a Várzea, não ficou nenhum  inadimplente sem ser cobrado e comprador potencial sem os tentadores reclames das maravilhas que as agulhas movidas a pedal, descritas pelo prestamista.

Meta batida, a viagem por mérito do colaborador eventual e a carona do irmão mais velho, de acompanhante.

Entre papos, chorumelas e planos de comerciantes, o turismo terminaria no emblemático Hotel Guarani.

De arquitetura inovadora, era considerado um dos dez mais na América Latina.

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Os magnatas neófitos, contagiados por dois novos amigos, sócios em
Itabuna, resolveram dar  uma esticadinha em Buenos Aires.

Fora do roteiro, do orçamento e da mesada.

Anos de chumbo, aqui e lá.  Pouso anti-terror obrigatório em Corrientes para revista rotineira da bagagem e passageiros.

Nas vilas e cidades, soldados armados, amados ou não, em toda esquina da Florida, não inibiram os gastos dos empresários nordestinos.

Um tanto de casas de tango e bebidas falsificadas depois, a volta via São Paulo com o contadinho dinheiro para o táxi rachado com os amigos da boa terra e nenhum pro hotel de pernoite.

Houve um tempo em que não havia cartões de crédito. Nem transferência de dinheiro online. Acreditem. Lembrem das ordens de pagamentos bancários.

A aventura empresarial só terminou bem com a compreensão e ajuda dos confrades do varejo e contraparentes da matriz de Lyra de Oliveira, na Cásper Líbero, com filial na Ribeira.

Onde o empréstimo foi pago e o crédito renovado.

 

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