MEDICINA & POLÍTICA
(Publicação original em 28/04/2019)
Quem está gozando de não requerida licença compulsória das atividades residuais da semi-aposentadoria, por tempo incerto e não sabido, pode lembrar dos que passaram pela vida profissional.
Todo médico tem sua galeria dos pacientes inesquecíveis.
Das estórias que podem ser contadas, uma que mistura Política com Medicina.
ADVERSÁRIO PACIENTE
Misturar política e medicina tem dado certo para muita gente.
Basta ver o número de médicos nas casas legislativas e os que dividem seus consultórios com os gabinetes das prefeituras.
De família de políticos, nunca exerci a profissão nos redutos eleitorais.
Mesmo assim sempre fui procurado por conterrâneos, independente das afinidades partidárias.
Um deles precisou ser submetido a cirurgia que foi marcada normalmente, dentro da rotina.
Tudo correu sem atropelos e o caso cairia no esquecimento – só os mais complicados a gente nunca esquece – com o passar do tempo.
Este só ficou na lembrança por um detalhe do qual só tomei conhecimento meses depois, ao conversar com um colega da mesma cidade
Aquele pré-operatório não havia sido tão tranquilo como eu imaginara. Pelo menos para o paciente.
Ao passar pelo corredor do hospital, na porta do centro cirúrgico, em uma maca, um rosto conhecido e aflito. Logo recebeu o chamado para uma pergunta ao pé do ouvido:
-Será que o doutor não vai se lembrar daqueles discursos que eu fazia contra a mãe dele?
