28 de março de 2024
HistóriaPolítica

MENINOS, EU ESTAVA LÁ

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Já se foram 57 anos e parece que foi hontem.

Uma revolução sem o povo nas ruas, sem tomada de Bastilha, montada em brucutus, tanques de guerra e outros quadrúpedes.

Sem ter oferecido ao panteão nacional, um único herói, haveria mesmo de ser rebaixada à categoria de golpe.

Não destes que os conchavos de políticos matreiros usam, acobertados pelos incisos e parágrafos das leis que eles mudam quando querem, para apressar o fim dos mandatos dos eleitos.

O que hoje é motivo de desavença, se deve ou não ser lembrado, já teve o aniversário comemorado com toda a pompa e imperceptíveis protestos do pouco que havia restado da  oposição oprimida na clandestinidade e no exílio.

Feriados nacionais, com direito a enforcamentos, precedidos de ensaios para os  desfiles estudantis.

Evoluções e dobrados das bandas marciais.

Músicas ufanistas.Patriotismo exacerbado. Doutrinamento em aulas de moral & cívica. Concursos de redações laudatórias.

O povão nas avenidas e praças embandeiradas como todos os sete de setembro.

Políticos, revolucionários de primeira hora e sobreviventes adesistas, perfilados.

Todas as autoridades, incluídas as eclesiásticas, entupindo os palanques, em continência à auriflama da pátria salva das garras do comunismo ateu.

Dos que estão nas faixas etárias prioritárias para a vacina, salvo os esquecidos por psicanálise ou alzheimer,  quem dirá que naqueles aplausos não bateu palmas?

Para o menino de onze anos, interno em rigoroso colégio de padres europeus, a 300 kms de casa, as lembranças voltam.

A folhinha não marcava feriado, nem era  dia santo de guarda. Na volta da semana santa, a quarta-feira anunciava abril, e as aulas, de novo,  suspensas.

Foram alguns dias de portões fechados, sem conversas com os colegas da cidade grande. Sem ver os professores que não usavam batinas.

Dias de muito mais rezas e novenas,  além das obrigatórias missas diárias. Orações de agradecimento. E súplica para que os livrassem da guerra civil.

O retorno das disciplinas trouxe novos conceitos que ainda não constavam  das fichas amareladas dos mestres.

Estado de sítio, atos institucionais, subversivos, arena, emedebê.

Com a retomada das classes, foram revelados detalhes omitidos pelos clérigos-preceptores.

Soldados armados, amados ou não; tanques de guerra, prisões e pessoas desaparecidas.

Entre os muros do Sagrado Coração, o clima de incertezas  passou a ser de contentamento dos padres que  anos depois voltariam às passeatas.

Se algum instituto de pesquisa consultou o nível de aprovação, o movimento da redentora deve ter alcançado índices próximo de 100%.  Sem margens de erro.

Meninos, confesso.

Com o coração transbordante de alegria e orgulho,  eu já comemorei alguns 31 de março.

Levou um tempo para entender esse longa-metragem que ainda não acabou.

A data mal lembrada, para fins de registros históricos,  foi antecipada em um dia.

A primeira piada, sem nenhuma graça, da tragicomédia que durou 21 anos, ainda tem maluco querendo recontar em meio à pandemia.

Lembremos de 1964, sim.

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Eu te amo meu Brasil

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