20 de abril de 2024
Fake News

MENTIRA A CAVALO

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Desde que as mais altas autoridades elegeram o tema como prioridade, logo depois da pandemia, paira entre gotículas de aerossóis, no ar perigoso, uma grande dúvida.

É possível chegar ao início da criação de uma notícia falsa ou toda ela tem mesmo, fundo, frente e verso de verdade?

Uma piada de médico-residente, num hospital de subúrbio, antes do boom das redes sociais, chegar aos noticiários de maior audiência e às páginas dos grandes jornais do país,  pode ser um bom exemplo de um making of de uma fake news de verdade.


(Publicação original em 04/08/2019)


FALSO PRA CAVALO

Mais um anglicismo caiu no gosto do povo. De Lagoa d’Anta, Campos do Jordão e alhures.                                   Virou verbete.

Agora não se contesta uma notícia, sem recorrer à nova expressão.

Quem  precisa esclarecer algum fato nebuloso, fugir de  assunto desagradável e até esconder o óbvio, simples assim.

É só carimbar o rótulo de fake news e bola pra frente.

Problema resolvido

Trump é quem mais tem utilizado o termo para se livrar de tudo que é disparado em direção a seu alvo.

É o bambambã e maestro.  Um Tom Brady.

Dizem que produz, desenvolve, entrega e devolve a mercadoria como um virtuoso.

Das brejeiras eleitorais com os russos às revelações picantes das pistoleiras de vida fácil.

Com este colete de teflon, peita a mídia e nada gruda nele. Toda acusação vira moeda de três dólares.

Suspeita-se que alí mora o segredo do seu topete nunca decaído.

Por gravidade, como tudo o que vem guiado pela estrela do norte, a cachaça derramou-se pelos bananais abaixo do equador.

Aqui,  chegou causando.                      Atende pelo nick. Fake para os íntimos.

Os conterrâneos que chamam os gentios de paraíbas, são doutores no assunto.

Soltam uma verde e ficam esperando a volta. Em cores de Almodóvar. Ou do arco-íris.

Revista e ampliada.

Um médico-residente do Hospital de Bonsucesso, cansado de explicar à clientela que o exame de tomografia (quando ainda novidade) não se aplicava a todos os casos e a ninguém curava, recebeu um pedido insistente de uma baleia (obesa mórbida, para os corretos).

Na hora, sem outro argumento  melhor para a negativa, disse que no caso dela, pelo volume, somente o aparelho de um hospital da Gávea podia fazer o exame.

O encaminhamento virou prática.

De início, como piada.

Depois, com  a chegada de novos médicos que não sabiam da missa a metade, a conduta falseada continuou.

E foi longe.

Até sair no RJ TV.

Para acabar  em nota oficial do Jockey Clube, nos jornalões Globo e JB.

O sodalício dedicado a corridas equestres e apostas, pedia encarecidamente que não mais o procurassem para exames médicos

Por motivo muito simples.  Seu hospital tratava animais de quatro patas.

Equinos.

Olhe lá, muares e asininos.

E nunca teve um tomógrafo.

Era assim que galopava uma falsa notícia no começo deste século.

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