23 de abril de 2024
Política

Mesmo já falecidos todos querem um Partido. – Do Presidente ao Prefeito

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Tribuna do Norte – Cassiano Arruda – 18/03/20

Graças ao calendário eleitoral, alguns zumbis se levantaram das tumbas e estão começando a aparecer em plena luz do dia e até promovendo ajuntamento de mais de cem pessoas, sem ligar para a ameaça do corona vírus, que tem desestimulado ajuntamento de gente.
São os partidos políticos que resistem, se agarrando – como a um salva-vidas – na legislação eleitoral, cumprindo suas exigências e candidatando-se a receber um dinheirinho público e apresentar candidatos nas próximas eleições, de 4 de Outubro.
Em plena era digital, nossos partidos continuam analógicos, na forma e no conteúdo.
O pior é a consciência interior da morte deles próprios, reduzidos a simples rótulos (sem falar na desavergonhada cópia que está sendo feita de experiências estrangeiras), de preferência tirando o termo PARTIDO da sua marca, para soluções tipo “podemos”, “seremos”, “iremos”, “solidários”. “faremos”, “queremos”, “avançados”, “democratas”, “patriotas”, “corinthianos” ou coisa parecida…

NOSSOS COMUNISTAS

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) define-se como sendo de esquerda e baseado ideologicamente nos princípios do marxismo, e se diz o mais antigo do país, fundado em 1922.
Na verdade foi criado em 1958 como uma dissidência alinhada ao stalinismo dentro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que, àquela época, apoiava as reformas defendidas por Nikita Khrushchov durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética em 1956 e que, mais tarde, essas reformas ficaram conhecidas como desestalinização.
De lá pra cá, o PCB já mudou duas vezes de rótulo e nessa campanha o tradicionalista PCdoB adota um aposto, “Movimento 65”. – Ninguém quer ser partido. Nem os velhos partidos comunistas.

PRESIDENTE SEM PARTIDO

Nem mesmo o presidente Jair Bolsonaro, depois de romper com o PSL, que lhe serviu de “barriga de aluguel” na sua vitoriosa campanha eleitoral, e sentiu a necessidade de criar um partido para governar, mas, nem assim, está propondo fundar um PARTIDO.
Seus aliados iniciaram uma campanha de coleta de assinaturas para registro da “Aliança Pelo Brasil”. Sem Partido no nome.
O Partido do Presidente tinha como meta atingir o número de assinaturas exigido pela legislação, para conseguir disputar a eleição de 4 de Outubro. Não conseguiu.
O clima de lançamento da nova legenda envolveu pessoas que defendiam bandeiras desde o combate à corrupção a uma maior transparência do poder público, passando por críticas à grande imprensa.
A ideia continua viva, e o Presidente se protege de eventuais insucessos eleitorais, colocando que sem ter um partido, não terá candidatos.
E o projeto da Aliança Para o Brasil vai ficando como o possível embrião para uma hipotética campanha de reeleição.

TEMPO DE CONVENÇÕES

Com o salão do América ornamento com as cores azul e amarelo (do PSDB), em bolas e painéis dominando o ambiente, na manhã de sábado, numa mesa havia uma surrada bandeira preta, branca e vermelha com a sigla PTB, que promovia um ato formal contando com a presença do prefeito Álvaro Dias, do deputado Walter Alves (presidente do MDB), do deputado Hermano Alves (que deixou o MDB e foi para o PSB), o ex-senador Gribaldi Alves (MDB), mas o único político que mereceu os gritos do público, foi um desconhecido.
Soube-se, depois que o “Luciano” gritado por uma claque pretende ser candidato a Vereador pelo PTB. Teve o mérito de ganhar aplausos de aluguel, enquanto os nomes de maior expressão ficaram nas palmas regulamentares.
A falta de expressão dos partidos políticos brasileiros, coincide com um fato: – De 35 partidos sobreviventes, 15 deles tinham presidentes há mais de dez anos ocupando esses cargos.
Em termos de Rio Grande do Norte outro dado: Há duas legislatura que a representação estadual do RN na Câmara Federal é formada por representantes de oito legendas distintas; – possível quando a legislação permitia coligações para o voto proporcional.

ESCOLHA DE UM PARTIDO

Álvaro Dias é Prefeito de Natal porque foi indicado pelo PMDB para companheiro de chapa de Carlos Eduardo (PDT) , que renunciou ao cargo para disputar o Governo, mas perdeu a eleição.
O novo Presidente estadual do seu antigo partido, deputado Walter Alves, não deixa o Prefeito em posição confortável e ele decidiu mudar de legenda, até o fim da quaresma.
Político calejado, Álvaro Dias não espera que o partido que escolher venha a lhe dar votos. Mas teme entrar numa legenda que possa lhe tirar eleitores.
É por isso que ele tem conversado com quase todos, principalmente com o PSDB, que, aqui tem a característica estadual de Partido da Assembleia, mas nacionalmente espera assumir uma postura oposicionista, mesmo tendo um filiado ocupando o Ministério de terceiro maior orçamento da República, o nosso conterrâneo Rogério Marinho (foto do ato de filiação ao PSDB, ontem).
Álvaro sabe que viabilizou-se candidato, independente de partido, pelo julgamento da administração que vem mantendo, custeada com recursos federais, conseguidos, em grande parte, pelo Presidente do Senado, o seu amigo (colega deputado) Daví Alcolumbre, que é do DEM. Natal foi o terceiro município do Brasil a receber recursos federais no ano passado.
No meio de tanta indefinição, uma pergunta que não quer calar: – Imaginem se os partidos não já tivessem morrido….

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