MIREM-SE NO EXEMPLO DE DANUZA
Há dois anos, Danuza Leão deixou sua coluna de jornal sem despedidas, choro nem vela.
Comme il faut, à francesa.
Revelou a uma amiga inconfidente, que não aguentava mais a auto-censura.
Depois do politicamente correto, o feminismo moderno e de tantos vitimizados por supostos preconceitos, colunista que falava do relacionamento das pessoas, passou a exercer atividade perigosa.
Casada três vezes com estrelas do jornalismo, escreveu com simplicidade, e foi fundo nas profundezas da psicologia.
Do homem, da mulher, dos casais.
Na etiqueta, definiu comportamentos que viraram regras.
Foi a responsável pela retirada dos paliteiros das mesas dos restaurantes. Os mais chics agora oferecem fio dental. No banheiro. Às claras.
Por muito pouco, não foi queimada nas fogueiras da nova-inquisição-social-democrática e da inveja despertada, quando confessou ter perdido o encanto de viajar a Nova Iorque pelo risco de encontrar, na rua, o porteiro do prédio de Ipanema.
Para ela, a graça de ter muito dinheiro, sorri para quem pode comprar coisas exclusivas.
Foi tudo que queria ser. E um pouco mais.
Modelo da alta-costura, desbravadora dos desfiles parisienses, relações públicas, promoter, irmã de musa da bossa nova, jurada de programa de TV, colunista de jornalão, escritora de best sellers e até atriz de filme de Gláuber Rocha.
Na essência, uma mulher independente.
Aos filhos, nada pede.
Nem que lembrem de telefonar no dia das mães.
Medo, confessou, só de ficar pobre. E doente, ter de enfrentar a fila do INPS.
Para ela, Paris, por duas longas temporadas, seu endereço, e para onde viajou incontáveis vezes, nunca mais será a mesma depois que toda loja de cosméticos têm vendedoras falando português.
Sua retirada de cena, discreta, sem alardes nem apoteose é um exemplo a ser seguido.
Que todo político que não cumpra as promessas de candidato sejam forçados a tomar um chá de danuza.
Que todo governante que não estiver ajudando a melhorar a vida do povo, seja convidado a pegar o beco da danuza.
Que os magistrados de todas as instâncias, flagrados manipulando a lei para benefícios próprios e de amigos, sejam enquadrados na compulsória danuza.
Que seja promulgada a lei de danuza obrigando toda governadora de origem popular a só conceder aumento salarial aos muito privilegiados, depois que a última pensionista também receber seus proventos, protegidos das perdas inflacionárias.
É tudo tão simples.
É só não esquecer Danuza Leão.
Lamento a morte do irmão do meu amigo Galvão autoriza
da capa do meu livro Moleque do Acari II. Pressentimentos á toda família