18 de abril de 2024
Opinião

Na hora da esperança ainda falta o projeto

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Roda Viva – Tribuna do Norte – 29/12/21

Um Ano Novo nos espera e com ele a esperança se renova. 2022, um novo ano mais especial – ano de eleição geral – que vai depender da nossa capacidade de fazer acontecer.

No terceiro milênio não dá mais para esperar por um novo Salvador da Pátria, mas de cada cidadão, eleitor, contribuinte; de toda a sociedade.

Vamos viver eleição de Presidente da República e eleição para Governador do Estado, sem falar da renovação do Congresso Nacional.

Primeiro lembrar que há quatro anos fomos todos embrulhados numa promessa de “Nova Política”, do jeito que havia sido com o Estado Novo, de Getúlio Vargas, ou com a Nova República de Tancredo Neves/José Sarney.

Agora, foi pouco mais de um rótulo que não precisou levar ninguém ao erro.

Apareceu quando o erro já estava perpetrado; o futuro Presidente da República esfaqueado num quarto de hospital, estrategicamente calado, enquanto dezenas que aproveitaram a onda favorável e tomaram o lugar da elite política brasileira, embalados também pela deliberada campanha dos meios de comunicação de assassinato de reputações e da própria atividade política, precisavam dizer alguma coisa.

PROJETO BRASIL

Eleição é muito importante. Mas, sem negar a importância do seu papel está na hora de irmos além.

É preciso ir além da campanha e da eleição. Aliás o Brasil, na comemoração do bicentenário de sua independência, precisa ter um projeto capaz de unir todas as tendências, ultrapassando a festa dos partidos e dos candidatos.

Precisamos de um projeto nacional. Um objetivo a ser alcançado por diferentes caminhos.

Há quase 70 anos houve um Presidente da República que introduziu uma nova palavra no universo vocabular do povo brasileiro:

 DESENVOLVIMENTO!

Juscelino Kubistchek deixou um legado para as futuras gerações. Um verdadeiro projeto nacional, muitas vezes negado, mas nunca abandonado porque o desenvolvimento havia deixado de ser patrimônio de qualquer grupo isolado.

RN MUTANTE

Em termos estaduais a existência de um Projeto se torna ainda mais necessária e imediata. Pequeno e pobre, o nosso Rio Grande do Norte tem características especiais, a partir da diversidade econômica e capacidade de modificações.

O brasão do Estado, criado em 1909 (Governo Alberto Maranhão) pelo escultor Corbiniano Vilaça é um retrato da diversidade e das mudanças na sua economia. Composto por um coqueiro à esquerda, uma carnaúba à direita, uma cana-de-açúcar e um algodão, estes dois últimos representando a flora. Há ainda o mar, com a jangada, representando a pesca e a extração de sal.

Coqueiro, carnaúba, cana de açúcar, algodão, hoje em dia pouco representam como expressão econômica. Quem quiser representar sua economia terá de mudar completamente o brasão do RN, onde permanece uma única referência (oculta): a extração de sal marinho. O resto mudou completamente e não existe referência aos diversos ciclos econômicos nesses 110 anos, muitas vezes refletindo as tendências nacionais.

A META É O HOMEM

Um Projeto para o Rio Grande do Norte tem de começar voltado prioritariamente para 1.329.000 norte-rio-grandenses que ainda vivem abaixo da linha de pobreza. O que corresponde a 38% da sua população total.

São pessoas que não têm emprego nem renda. Um triste quadro que permanece mesmo quando a situação econômica é abruptamente alterada. Um exemplo concreto aconteceu na segunda metade do Século XX, quando petróleo foi descoberto no RN, e que tem uma mostra dessa situação ainda viva no município de Guamaré, com uma das maiores rendas “per capita” do Brasil, num modelo altamente concentrador, sem que a riqueza chegue ao povo, que continua tão pobre quanto os seus vizinhos.

O ciclo do algodão, que acabou em 1980, era exemplo de distribuição de renda, contemplando várias camadas da população, do campo e da cidade. Ou o exemplo do turismo que chegou – como fato econômico – nos anos ´80 contemplando 56 operações distintas ao longo da sua cadeia produtiva: transporte, hospedagem, gastronomia e serviços (muitos serviços).

BUSCA DE UM PROJETO

Os projetos entraram no vocabulário político do Brasil nos anos 50, quando o presidente Juscelino Kubistchek já havia incluído outra palavra que chegou até as conversas dos potiguares: desenvolvimento.

Só não venha me apresentar a duplicação da Reta da Tabajara ou conclusão da Barragem de Oiticica (que se arrasta há mais de 50 anos), ou ainda o pagamento em dia do funcionalismo estadual, o trinômio que norteou os nossos últimos governos como base para um Projeto estadual.

A sociedade dá demonstrações de que começa a se preocupar com a falta que um projeto faz ao nosso RN. É hora de se aproveitar a conjuntura e tentar levar o tema a um maior número de potiguares.

Um Ano Novo pode ser bom estímulo para se olhar o futuro.
O nosso futuro precisa ir além da próxima eleição, como se tem cobrado dos nossos políticos (por que só dos políticos?).

É preciso chegar – pelo menos – a próxima geração apresentando caminhos para melhorar a vida de todos.

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