25 de abril de 2024
CULTURA

Na volta a normalidade não é suficiente “virar a chave”

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No início de Abril de 2019, quando o coronavírus começava a mexer com a vida dos brasileiros, e a grande maioria não tinha uma noção exata do tamanho problema, foi um jingle publicitário de autoria de Nizan Guanaes, que quebrou a placidez das inúmeras mensagens pregando o isolamento social e os cuidados com uso de máscaras e a necessidade de manter as mãos limpas (água e sabão ou álcool gel), quando o rádio transmitiu um direto no queixo:

Essa porra mata!

Os meios de comunicação, vinham realizando um trabalho irreparável com a adesão de todos os veículos e da quase totalidade dos profissionais de comunicação. Inclusive mostrando que não estávamos preparados para enfrentar o inimigo, nem se contava com profissionais médicos com um mínimo de experiência.

Todos entrando compulsoriamente numa guerra contra um inimigo desconhecido, nutrindo falsas expectativas, como esperar por uma solução tão rápida quanto foi a chegada da pandemia. E ninguém imaginava o alto preço cobrado à economia, com o fechamento de postos de trabalho e um nível de desemprego sem precedentes.

Muita gente imaginava que o quando o vírus fosse embora (“em dois ou três meses”) bastava virar a chave.

DIÁRIO DA MORTE

Depois de um ano de noticiado o primeiro caso registrado, temos mais de 350 mil mortes de brasileiros de todas as camadas sociais, sem a distinção de classes. Sem falar no registro de mais de 13 milhões de casos da doença em todos os Estados.

No Brasil, o primeiro caso confirmado foi em 26 de fevereiro, em São Paulo. No mesmo mês, começaram as primeiras ações governamentais ligadas à pandemia da COVID-19, com a repatriação dos brasileiros que viviam em Wuhan, cidade chinesa epicentro da infecção. Desde então, a pandemia e as ações governamentais foram variadas, com reduções e aumentos no número de casos, medidas como lockdown até o início da vacinação em algumas localidades.

No mundo, são mais de 2,7 milhões de mortes e mais de 124 milhões de infectados até março de 2021. Os países com mais casos são Estados Unidos, Brasil, Índia, Rússia e França. Quando falamos em mortes, o ranking muda: EUA, Brasil, México, Índia e Reino Unido.

Na última semana, o Brasil registrou 2.535 mortes/dia por Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 351.469 vítimas desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 3.025. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de +16%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.

Os números estão no novo levantamento do consórcio de veículos de imprensa sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil. O balanço é feito a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. Já são 80 dias seguidos no Brasil com a média móvel de mortes acima da marca de mil; o país completa agora 25 dias com essa média acima dos 2 mil mortos por dia; e já são 15 dias com a média acima da marca de 2,5 mil. Agora, ela ultrapassa a marca de 3 mil.

OS NÚMEROS DO RN

Nosso Rio Grande do Norte ainda sofre os efeitos de uma segunda onda da pandemia, quando imaginava tê-la controlado. Mas, depois de uma campanha eleitoral, das festas de Natal, Reveillon, Veraneio e Carnaval, estabeleceu-se uma situação ainda pior, comprovada pelo registro de 205.249 casos confirmados de Covid-19 desde o início da pandemia. No total, 4.835 pessoas perderam a vida por causa da doença no Estado.

No comparativo com o boletim da última quinta-feira, são 1.860 novos casos e 29 mortes a mais, sendo 14 ocorridas nas últimas 24 horas – em Natal (03), Mossoró (03), Parnamirim (01), São Gonçalo do Amarante (01), Ouro Branco (01), Areia Branca (01), João Câmara (01), Ceará-Mirim (01), Caraúbas (01) e Almino Afonso (01).

Foi divulgado, na última sexta-feira, à número de internados na rede pública do estado, que tem 669 pacientes, sendo 351 em leitos críticos (86% de ocupação). Os dados da rede privada foram retirados do boletim nesta edição.

O RN tinha 54.898 casos suspeitos e 424.668 descartados. O número de confirmados recuperados segue em 142.776, e o de inconclusivos, tratados como “Síndrome Gripal não especificada”, está em 131.959.

COMEÇAR DE NOVO

Se todos conseguirem se despir das próprias vaidades (e não somente os governantes em geral e políticos em particular) ainda é possível conseguir um melhor resultado.

Para começar de novo, o primeiro passo é vencer o clima de antagonismo estabelecido desde a primeira hora, quando se colocou a luta contra a pandemia como um campeonato de eficiência administrativa no melhor estilo de disputa “nós contra eles”.

Sem esquecer as posições extremas adotadas entre grupos de governantes e governados, a partir de alguma divergência na abordagem de qualquer problema.

Não é por adotar uma providência contrariando interesses de algum grupo que um governante pode ser rotulado de “inimigo” e tratado como tal. Aliás, como vem ocorrendo.

Pior, só o antagonismo entre as diferentes esferas de poder, resultando em aumento de custos e perda da eficiência de cada lado, como aconteceu repetidas vezes.

A FORÇA DA UNIÃO

Um bom exemplo dessa realidade pode ser comprovado nos intervalos comerciais da televisão local, pela existência de dois partidos distintos tentando convencer corações e mentes. O Partido do Hospital de Campanha (adotado pela Prefeitura de Natal) e o Partido da distribuição de leitos por diferentes unidades, como adotou o Governo do Estado. Quando as duas estratégias podem até estar corretas, dependendo das circunstâncias.

Do mesmo jeito que falta um comando unificado no Brasil para definir a atuação dos diferentes setores, nosso Estado se recente – ainda mais – de um entendimento capaz de definir prioridades e ações. Sobretudo quando se começar a voltar normalidade, estabelecendo um diálogo permanente com o setor produtivo cada vez mais carente de compreensão e apoio, como não vai bastar virar a chave, vamos ter muito o que fazer, e com certeza com a necessidade de muitos recursos muito maiores do que as nossas disponibilidades, a volta à normalidade será possível com a vacinação em massa, depois da defesa da vida será possível fazer a recuperação da economia.

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