28 de março de 2024
CoronavírusCULTURA

NAS ASAS DO DESTINO

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Se as migrações internas serão diferentes quando quase tudo voltar ao quase normal, é uma pergunta ainda sem resposta.

A intensidade da recessão traçará o roteiro para onde os jovens irão quando não encontrarem trabalho e ocupação perto de casa.

Para as fronteiras agrícolas, muitos.

As cidades grandes e suas periferias,  continuarão desilusão para outros mais.

Em tempos de confinamento, os serviços de entregas em domicílio estão em alta.

A frota aérea precisará da renovação de sempre.

               (Publicação em 01/06/2019)

BATISMO NO JACAREZINHO

Sem perspectivas na  cidade do interior, como muitos da sua idade,  resolveu tentar a sorte no Sul.

Encantado com promessas de emprego e as belezas da cidade maravilhosa, foi ficando.

Adaptou-se logo ao corre-corre e costumes da metrópole. E usos, também.

Do barraco de parentes para o próprio,  foi um pulo.

Sobre duas ou três palafitas.

Jacarezinho! Avião!

Já era assim antes do síndico do W/Brasil.

O primeiro emprego a gente nunca esquece.

Transporte de coisas de valor. Em trouxinhas.

Jacarezinho! Avião!

Foi galgando posições na organização. Depois de ser promovido a  gerente, mandou buscar o resto da família.

Quando soube que o amigo de infância, médico,  estava morando por uns tempos na mesma cidade, o convite para apadrinhar o primeiro filho, ainda no ventre da companheira.

Acertaram uma visita para os detalhes da festa do batizado.

Num sábado, na companhia de quem conhecia aquelas ruas, vielas e becos, a recepção  pela matriarca, no ponto de ônibus indicado.

Em frente, outro migrante, dono de sapataria, ao perceber o destino do grupo, recomenda, com ênfase, a desistência do que poderia vir a ser uma aventura perigosa.

Com os esclarecimentos que um salvo-conduto, a ordem dos hômi,  assegurava o direito constitucional de ir e vir, o encontro foi realizado sem atropelos.

Com galinhada, farofa e cerveja.

A consagração do novo cristão nunca viria a acontecer.

O motivo ficou registrado nas estatísticas da mortalidade  perinatal.

As notícias da família carioca também feneceram.

Até voltarem alguns anos depois, com o anúncio da tragédia e a dúvida final:

-Como foi que aquela bala perdida (ou não tão perdida assim), foi achar o compadre Cabelinho?

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