15 de abril de 2024
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Nem Câmara Cascudo escapou dos absurdos da Fundação Palmares

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Do Globo 

Em 1842, o russo Nikolai Gógol lançou “Almas mortas”, o grande romance da época. Com a história de um especulador que chega ao interior para comprar servos mortos, lançou o que muitos consideram as bases para o trabalho de Tolstói e Dostoiévski.

Mas, aparentemente, não é credencial para estar no acervo de livros da Fundação Palmares.

Uma edição de 1937 está na lista dos “300 títulos comprobatórios do desvio da missão institucional” da autarquia, divulgada nesta sexta-feira.

FUNDAÇÃO EXCLUIU OBRA HISTÓRICA DE CÂMARA CASCUDO 

O raro exemplar agora divide um destino incerto com outras obras históricas, como “Dicionário do folclore brasileiro”, de Luís da Câmara Cascudo.

A fundação até o chama de “clássico”, mas “gramatical e ortograficamente desatualizado”, “com páginas soltas e exibindo um forte cheiro de mofo” — o que seria motivo se livrar dele, e não para restaurá-lo.

— A justificativa é ridícula, e existem edições novas com ortografia atualizada.

O dicionário (publicado originalmente em 1954) é uma referência para inúmeros estudos que vêm depois — diz o historiador e escritor Luiz Antônio Simas.

Se Gógol será limado sem explicações e Cascudo pela velhice, o historiador Eric Hobsbawm e seu “Bandidos” perderam lugar por serem “clássicos da delinquência”.

DO TL

Taí uma boa causa para bacana federal e Governo do RN se unirem em defesa do maior representante da Cultura potiguar.

Aquele  que imortalizou o Folclore e retratou o Brasil sem retoques e com profundidade.

Como disse o crítico Múcio Leão à Folha em 1998 ” se só restassem os livros desse escritor, seria possível aos estudiosos do futuro reconstruir tudo o que somos hoje”.

Mas a Fundação Palmares acha dispensável e … “com forte cheiro de mofo”.

3 thoughts on “Nem Câmara Cascudo escapou dos absurdos da Fundação Palmares

  • PedroArtur

    Eita PAIS sem CULRURA , administrado por um louco e seu rebanho sem cultura, aqui ponto chegamos.

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  • Acredito mas surpreende essa a repercussão dessa nota num estado onde a biblioteca pública estadual está fechado há mais de 8 anos e quase ninguém reclama.

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    • Luís Carlos Freire

      Sua reflexão é uma pepita… perfeita! Em 2018 escrevi um espetáculo sobre Câmara Cascudo. À ocasião enfronhei um público de mais ou menos três mil pessoas no universo cascudiano. Pasme: 99 por cento desse público – 99 por cento potiguares – não sabiam nada sobre ele. Os mais versados apenas diziam “ah! é aquele homem do folclore?”. Também é assim com Nísia Floresta… “ah! é aquela mulher bem inteligente?”. Alguns sabem de ouvir dizer. Nada mais. Literalmente nada mais.

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