29 de março de 2024
Política

NOBRES PARLAMENTARES

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O Palamento Inglês – Claude Monet – 1904

Com 61 mil habitantes, localizada a 70 kms da capital, sem nítidos limites com o aglomerado urbano de Jundiaí,  a cidade de Itupeva tem muitos motivos para ser bem conhecida.

Poderia ter se tornado até  um país independente, se tivesse adotado em todo seu território,  as leis, regulamentos e normas do parque temático Hopi Hari, albergado em suas cercanias.

Quem quisesse desfrutar, mesmo por algumas horas, da sua qualidade de vida e IDH alto, teria de portar o passaporte que permitia a entrada em suas muitas atrações, levemente inspiradas na Disneylândia, até o furação Covid-19 fechar suas bilheterias.

Do seu complexo turístico Serrazul, também faz parte, o parque aquático Wet’n’wild.

A fama de bom lugar para se viver e passear,  ficou sob domínio da vizinha Vinhedo.

As últimas eleições trouxeram a simpática comuna para o centro do noticiário político. Na seção folclore.

Rivalizando com o mestre de cerimônias que anunciou o nome dos senhores e senhoras vereadores eleitos, em ordem analfabética, o discurso do edil de Itupeva fez ainda mais sucesso.

Na presidência da sessão por força do destino, não esperava tanta repercussão da curta e bem comportada  oração laudatória.

O mais velho dos eleitos, aos 84 anos, prestes a assumir a 11ª legislatura,  faleceu com coronavirus.

Everaldo Moreira de Freitas, baiano de Jacobina, casado, sem profissão declarada ao Tribunal Eleitoral (outras) mas patrimônio sim, de 300 mil reais, parte dos quais, 73 mil, gastos na campanha, tornou-se  o mais idoso.

Determinado à presidência na forma regimental.

Honraria merecida  também por ter sido o mais votado.

Com 1015 votos, assumiu pela primeira vez a cadeira na câmara municipal para representar seu reduto eleitoral, bairro do qual herdou o nome parlamentar.

Primo do Hortênsia, com grau de instrução de curso fundamental completo, chamou a atenção pela leitura claudicante, na saudação que fez às autoridades presentes e aos familiares, pares, imprensa e ao restrito público em geral.

Esquecidas das emoções que momentos tão marcantes e únicos provocam, as mídias sociais não perdoaram a sofrível fluência da peça oratória.

No país que ainda tem mais de 11 milhões de pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler nem escrever, não deveria causar espanto o desempenho e o esforço meritório do migrante nordestino.

Não faz muito tempo, outro campeão de votos esteve ameaçado de perder o mandato de deputado federal por suspeita de não ser alfabetizado, exigência constitucional para o exercício de qualquer cargo público.

O quase xará, Everardo, o Tiririca, no terceiro mandato consecutivo,  é dos mais assíduos deputados da Câmara Federal.

Fez um único discurso, de improviso, há três anos, quando anunciou as despedidas da vida pública. Por absoluta desilusão com a política.

Como aprendeu bem as lições (orais) que recebeu dos colegas mais letrados e espertos, desistiu da desistência.

Com a ajuda de 445 mil paulistas e paulistanos, foi reconduzido ao picadeiro onde é dos poucos a não fazer piada.

Ao lídimo representante dos itupevenses, os melhores  votos de profícua e longa atividade parlamentar.

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