29 de março de 2024
Comportamento

O BANHEIRO DE SÃO SEVERINO ESTÁ DE VOLTA

Figura (1927) – Ismael Nery -. Acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

Há pouco mais de dois anos, quando ninguém imaginava o tamanho do problema que a gripezinha pudesse causar, e à falta de outras preocupações, as pessoas brigavam por qualquer causa.

Até pelo direito de usar os banheiros  públicos,  vestidas como se do sexo oposto fossem, ou pensassem que eram.

Vieram outras necessidades para mostrar que na hora do pega pra capar, quem não tem o que cortar, sempre leva vantagem.

Suspensas as restrições, reabertos shoppings e universidades, a antiga polêmica sobre o uso dos mictórios (nome inadequado, por atender também ao n° 2) por ambos os três ou quatro sexos, está de volta.

Não faz muito tempo,  na Assembleia Legislativa de São Paulo, pediram a cassação de um deputado por haver se excedido numa discussão com uma parlamentar sobre projeto de lei que tratava da matéria: pau é pau,  mas pode ser pedra.

A congressista, nascida com sexo masculino e seu colega, recém saído do armário.

Já que eles,  jogando no mesmo time, em posições diferentes, não se entendiam, quem haveria de  meter o bedelho, não neles, mas naquela confusão toda?

A matéria constitucional ainda tramita pelas diversas comissões.

Há uma solução simples e econômica, bastando que se tornem obrigatórios também,  os banheiros individuais.

Quem estiver apertado(a), num centro comercial ou restaurante, e tiver dúvida sobre a própria identidade sexual,  vai sozinho, como se vai  de Über.

Esta solução atende a todos e a todes.

Livra de constrangimentos,  mulheres vestidas de homem que ainda não tenham aprendido a urinar de pé, e homens vestidos de mulher que não perderam o hábito da balançadinha final.

Evita também que os menos dotados façam  comparações decepcionantes.

Banheiro individual é como o jogo de São Severino: entra homem, mulher e menino.

E  não discrimina travestidos.

Autorretrato (1930) – Ismael Nery – MASP, Museu de Arte de São Paulo


(A sugestão para o fim do conflito que persiste, foi publicada em 6/4/2019)

 

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