23 de abril de 2024
Coronavírus

UM ANO DEPOIS DO FUTURO

Um bruxo – Salvador Rosa (1646 ) – Museus Capitolinos, Roma

Nos tempos de quarentena, que não haverá de voltar por comprovada ineficácia, só se pensava como seriam os dias depois que todo o mal passasse.

Planos para  o retorno à mesma vida de antes, ou para um sonhado jeito novo de viver, depois da mudança de fase no jogo da sobrevivência.

Prato feito para a volta triunfal dos que têm o dom de prever o que nos reserva o futuro.

Os otimistas desdenharam quando o economista  norte-americano Nouriel Roubini alertou para uma desaceleração prolongada e recuperação lenta dos efeitos do coronavírus na economia global.

Só não ousou imaginar que em tão pouco tempo, uma quimera de vizinhos aparentados, se transformasse numa ameaça de conflito mundial iminente.

Apelidado Dr. Doom (Dr. Desgraça) por suas previsões sombrias, o professor viu na sua bola de cristal,  que mesmo que os negócios se recuperassem,  por muitos  anos, a convalescença seria com anemia.

Ele alertou para uma recessão sem precedentes.

Tendo previsto a crise financeira em 2008, não via comparação com a deflagrada pelos lockdowns.

Às suas previsões, o professor Roubini chamou de Depressão Maior.

Em representação gráfica, qualquer recuperação tem a forma de U, ou mais próximo de um L, com variável, o período que nosso posto ipiranga compara com um avião taxiando, prestes a decolar.

Nos anos de maior crescimento econômico (e ditadura brasileira), outro nova-iorquino também fez sucesso com suas previsões econômicas.

Herman Kahn, conhecido como o primeiro futurólogo moderno.

A inclusão do Brasil nas estratégias do seu Instituto Hudson, uniu militares e sobreviventes da esquerda, contra o sonho da construção, na América do Sul, de outros Grandes Lagos.

A  internacionalização da Amazônia, viria com uma grande barragem no rio Amazonas e um sistema de outras menores que não respeitava fronteiras históricas.

A finalidade desse grande sistema seria a criação de uma imensa plataforma logística para o desenvolvimento, favorecendo a navegabilidade, a produção de energia elétrica e a irrigação de áreas destinadas à agricultura em larga escala.

O ambicioso  megaprojeto nunca saiu do papel.

Trinta e três anos antes da virada do século, e a um da sua morte aos 61 anos, Kahn publicou em livro, sua visão de futuro: O Ano 2000,

Uma lista de 100 inovações tecnológicas muito prováveis de acontecer, até estes nossos dias de domínio do império das redes sociais, que ficou fora da fabulosa centena.

Coisas de lunático, como também era visto.

Homebanking, computadores domésticos e pasmem, aperfeiçoamento dos pagers pessoais.

Uma geringonça capaz de mandar mensagens codificadas e de ser usada como telefone. E por mais incrível, móvel. Podendo ser transportada numa bolsa a tiracolo.

Nunca  duvidemos dos adivinhões.

Um relógio quebrado acerta a hora duas vezes a cada dia.

 

A Sombra de Samuel Aparece a Saul (1668) – Salvador Rosa – Museu do Louvre, Paris

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