O LEITE DA PROFESSORA AMADA
Explicar aos netos que o leite que eles tomam, não vem da Fazenda Supermercado, da geladeira nem da caixa de papelão tetrapak, requer uma incursão ao YouTube.
Ou uma madrugada na fazenda para o passo a passo, como é, o aperta, segura e tira das tetas vaquinas.
Nestes tempos de professoras online, a lembrança de aulas mais francas.
E risonhas.
(Publicação original em 11/06/2019)
O QUITUTE DA PROFESSORA
Há cinquenta anos e mais um pouco, o sistema educacional era simples de entender. Sem precisar nem de ministro fazendo continhas com chocolates.
Quatro anos no Ginásio e mais três de Científico ou Clássico.
Escolas públicas com ensino de boa qualidade. Colégios religiosos, idem idem.
Ensino superior, único, gratuito, igual para todos. Sem cotas. Sem bronzeamentos artificiais. Vagas no funil. Vestibular superseletivo.
A carência de professores formados dava a chance para estudantes da única universidade, receberem antecipadamente o grau informal de mestres. E um dinheirinho no bolso.
Alunos que se destacavam, eram recrutados para aulas nos estabelecimentos públicos e privados. E sem nunca terem cursado didática, pareciam nascidos para a docência.
Depois, concluíam seus cursos de Direito, Engenharia ou Medicina e brilhavam nas suas profissões.
O colégio particular, de quase padres, resolveu inovar e passou a dar prioridade a egressos de cursos superiores no magistério.
Exclusivo para meninos (num tempo em que não se podia optar pelo sexo aos seis anos de idade), mantinha entre minorias, docentes do gênero oposto aos discentes.
A nova professora, carregada dos elogios da apresentação, escolheu para primeira aula, discorrer sobre as regiões brasileiras.
Quando chegou ao Sudeste, passando por Minas Gerais, nos seus aspectos sócio-econômicos, demorou-se na importância da ainda inexistente, no nosso estado, indústria de laticínios.
O aluno mais perspicaz notou logo que a mestra não manjava nada do que falava.
Principalmente quando tirava os olhos da ficha da aula.
Estava fazendo confusão do que era leite, lata e leite em pó, enlatado.
Para não restar nenhuma dúvida, perguntou capciosamente, se a carne em conserva também pertencia ao mesmo grupo de alimentos.
-Claro. O maior dos laticínios é o kitut de carne de boi.