20 de abril de 2024
Economia

O LOBO NÃO SAIU DA TOCA

22DFAE46-79A7-42B8-8112-7B0CD339F7D3
O Dinheiro do Tributo. (O dinheiro de César) – 1894 – James Tissot – Museu do Brooklyn, Nova Iorque.

Há um ano, o  lançamento da nova cédula de Real foi motivo de muita controvérsia.

Teve pra todo gosto.

Os que adoraram  a novidade, porque são modernosos por natureza.

Os que viram  nos valores inacessíveis para os bolsos da maioria, mais uma oportunidade para ostentação, já imaginando o coitado do vendedor de coco tangendo aquele cachorro selvagem pela praia e oferecendo a troca  por duas garoupas.

Se estivesse com sorte, conseguiria quatro onças pintadas.

Todos em perigo de extinção.

Os nerds radicais que simplesmente achavam que não deviam mais nem existir, substituíveis por cartões de plástico, já pensando em esconder os criptodinheiros nas nuvens.

Havia razões para o lançamento da Casa da Moeda, justificado pela necessidade de pagar o auxílio emergencial de 600 reais.

Logo depois, o anúncio que o valor do pixuleco governamental seria reduzido pela metade.

Nosso suado dinheirinho que nunca foi desprezado, está agora ameaçado de sair de circulação.

É bem verdade que os gringos  não têm  expertise com inflação,  mas desde 1969, a cédula deles de mais valia é a de cem bucks.

O resto do mundo que multiplique pelas suas e veja quanto valem.

Nosso papel-moeda, feito de fibra de algodão tinha mesmo que custar menos que o dos ianques, com 75% de linho egípcio.

O que os gringos  querem mesmo é  que as notas circulem e passem  de mão em mão.

Assim, caminha a Economia, estúpido!

Garantem que um dólar pode ser dobrado até 4 mil vezes,  e mesmo assim, amarrotado, continua  aceito em tudo que é lugar.

Nos rincões menos confiáveis, onde também acreditam em Deus, não é de mais um carimbo contra falsários.

Ninguém é perfeito.

Um conhecido colecionador, ex-governador do Rio de Janeiro, reclamou do trabalho que dava, manter as suas verdinhas sem mofo, tendo a trabalheira de deixá-las ao sol ou sob lâmpadas especiais para a secagem.

Inexplicavelmente, foi condenado à prisão perpétua por lavagem de  dinheiro.

Têm-se como fato que a moeda metálica foi invenção dos chineses, mais de mil anos antes do nosso Anno Domini.

Como foram também eles que inventaram o papel, à base de fibra de bambu e casca de amoreira, não é de se reclamar que seja o povo com mais know how em fazer dinheiro.

Eles são mesmo extraordinários.

Se não criaram, espalharam a pandemia. Foram os primeiros a controlá-la com os lockdowns mais rigorosos e mesmo assim, os que mais cresceram suas riquezas.

Mesmo com tanta pujança, quase ninguém sabe o nome da moeda deles.

Renmimbi.

Que o povão chama yuan e vale menos de 1 real.

A quase totalidade das notas trazem estampas das personalidades que fizeram história nas diversas nações.

De uns tempos para cá, os cruzeiros, cruzados, velhos, novos e reais passaram a ser ilustrados com animais da nossa fauna.

7120E0B1-FC34-4EA1-B292-C9565C118CB4

A escolha que completa o primeiro aniversário, não teve aceitação unânime.

E pouco perambulou fora do Eixo Monumental.

O homenageado,  demasiado regional, ainda não conheceu outros biomas, além do cerrado.

Parece que o dinheiro graúdo foi impresso para  ser usado só pela turma de Brasília.

Como a desvalorização do Real não foi atribuída a algum  efeito colateral da Covid-19 e muitas outras notas ainda haverão de vir, já é hora dos nordestinos iniciarem uma campanha para emplacar na de 300, um simpático bichinho da caatinga.

O preá.

Os políticos vão adorar.

 

6A753C04-1F27-403A-82FF-BA3DF59D33D9
Judas Devolvendo as Trinta Moedas de Prata (1629) – Rembrandt van Rijn – Castelo de Mulgrave, Lythe, North Yorkshire, Inglaterra
9A83BFFE-6A00-4BE8-8DDA-6BE62A558E7C
O Tributo da Moeda (1640) – Mattia Preti – Pinacoteca de Brera, Milão

2 thoughts on “O LOBO NÃO SAIU DA TOCA

  • Geraldo Batista de Araújo

    Ainda não vi a cédula do lobo
    Nunca mais usei dinheiro
    Compro tudo no cartão. Deposito o pagamento da funcionâria em sua conta.

    Resposta
  • Domicio Arruda

    Professor,
    Agora, somos da geração Pix

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *