O MELHOR EMPREGO DO MUNDO
Há notícia que faz todo mundo sonhar. Em ondas alfa e outras frequências.
Que sempre teremos Paris e Casablanca.
Num país com mais de 13 milhões de pessoas procurando trabalho e um tanto de desalentados que já desistiram, quem não gostaria de ter o melhor emprego do mundo?
O inglês que venceu 34 mil concorrentes e foi contratado pelo governo de Queensland, para ser zelador de uma paradisíaca ilha deserta nos corais australianos, deixou muita gente babando de inveja.
Ainda mais quando se soube que para a nada estafante faina, recebeu 40 mil reais. Por mês.
Há outras ocupações pelas quais qualquer um deixaria tudo para aventurar-se nelas. Em qualquer lugar do mundo.
Avaliador de roteiros e hotéis de luxo. Tomador de cervejas. Provador de chocolates. Sommelier do Noma, em Copenhagen. Parça de Neymar. Jogador de videogames.
Até testador de camisinhas (não há informações se o Viagra é por conta do empregador).
Mesmo para quem está em busca de emoções extremamente radicais, está difícil surgir uma oportunidade.
O interessado precisa ter vocação para o serviço militar, experiência como garçom de churrascaria de rodízio e disponibilidade para longas viagens.
Além do salário, outras oportunidades para multiplicar ganhos. Pede-se discrição.
É o que se espera de um taifeiro de avião presidencial.
Em meados do século passado, podia-se encontrar uma atividade tão desafiadora e invejável.
Por aqui perto, em cidades do interior. E não era tão difícil assim conquistá-la. Havia vagas para todos interessados .
Única exigência: ter terminado o curso de Agronomia.
O recrutamento era feito na própria escola, pela ANCAR, Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural, no dia da colação de grau.
Com status nivelado aos mais destacados notáveis (médico, juiz e pároco), o doutor do campo tinha, de longe, o melhor de todos os empregos.
De deixar qualquer DAS 5 de olho gordo.
Além do salário federal, transporte privativo e suporte de assistente-social.
Penduricalhos que nenhuma outra profissão podia oferecer:
Um jipe novo e uma moça-velha.
(Publicação original em 01/07/2019)
Gostei e vou continuar achando bom mesmo correndo o perigo se ser chamado de louvaminheiro. Nessas horas em lembro que a inveja maltrata mais o invejoso do que o invejado. E temos dito.