24 de abril de 2024
Coronavírus

O OUTRO ANO QUE NÃO TERMINOU

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As crianças de cem anos atrás não estão mais entre nós para contar como foi a pandemia espanhola.

Elas falam pelos filhos e netos que contam os relatos que ouviram. Dos medos e horrores que agora se repetem.

Estórias antigas, com personagens que voltam em lampejos de flashbacks, ficam na memória para serem lembrados, sem desejo nem  aviso.

Como 2020 será contado pelos nossos meninos?

Quando terá terminado?

          (Publicação original em 05/07/2019)


TRÊS VEZES SANTANA

Na outra Macondo,  a das lembranças, as casas também são de barro e taquara.  E de tijolo, taipa, pau-a-pique.

O rio de águas nem tão diáfanas, quando corre de barreira a barreira, junta gente pra ver.

Cenários de estórias que não merecem o esquecimento. Personagens cheios de cores e vida. Inesquecíveis.

Digno da galeria de Gabriel Garcia Márquez, foi só relembrar sua prodigiosa memória, para despertar na de outros conterrâneos, passagens protagonizadas por Alfredo Augusto de Santana.

  1. Um corretor depois de vender títulos de capitalização a todos os comerciantes da rua grande, fez plantão sob a sombra no oitão da igreja, até conseguir encontrar o investidor em potencial.                                 Depois de usar  os mesmos argumentos que funcionaram em todas as paradas da Great Western, desde o Recife, ouviu o desafio:—Se o banco, você e eu vamos ganhar dinheiro com este negócio, só compro quando ficar sabendo quem vai perder.
  2. Com um desarranjo intestinal que não o deixava sair de casa, mandou  um xeleléu comprar papel higiênico. Sem levar dinheiro. O dono do armazém, conhecido mão-de-vaca,  seguia à risca  o aviso pregado na parede: Fiado só amanhã. Mandou de volta a desculpa esfarrapada que o produto estava em falta e só chegava em alguns  dias. –Ele quer que eu fique me acabando pelo fundo, feito um balaio, e só vá me limpar na semana que entra?
  3. Quando a donzela sob sua tutela começou a levar falta nos louvores à padroeira, a Imaculada Conceição, teve quem notasse. E alertado.  Certo que a eterna vigilância era a régua da liberdade, os cuidados foram redobrados.  Ao saber de um passeio não autorizado, em companhia varonil, por caminhos que não deixam rastros, chamou aos carretéis, o jovem que já havia notado pelos arredores. De asas (e quem iria saber, o que mais) levantadas. Instaurou um inquérito rigoroso e privativo.                                  O mancebo a tudo respondeu.                                   O footing, de fato, ocorreu. Houve beijos? Tímidos. Corpos desnudos? Sim. Chegaram  aos finalmentes?Negou, sem muita firmeza. –Pois você é um cabra muito frouxo. Se fosse eu, nunca iria perder uma oportunidade destas.

Casados… foram felizes…para sempre.

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