OLD LIVES MATTER
A infeção viral nem atingiu o pico e já se sabe quem são suas maiores vítimas
Nos países que se levantaram primeiro e onde estão sacodindo a poeira, não há dúvidas.
Os gráficos mostram quem ficou no início da ladeira, no sopé da curva dos contaminados e não vão poder, do platô, olhar o futuro.
Os velhos, mesmos chamados por outros nomes menos preconceituosos, são os mais atingidos.
Entre eles, os segregados vitalícios, moradores de abrigos e lares geriátricos.
Depois, os gordos. A partir do sobrepeso, nunca reconhecido como doença.
A seguir, os pobres.
Em lugares menos miscigenados, negros, latinos e imigrantes orientais.
Não por questão de raça.
Pela pobreza e onde vivem.
As doenças pré-existentes e comorbidades são agravantes comuns a todos os grupos de risco.
A pandemia é universal, democrática e não distingue classe social, religião nem posicionamentos políticos.
Vírgula.
O contágio é igual para todos.
A reação ao flagelo, não. Tudo é tão desigual.
Mundos tão desiguais.
Nutrição, controle de doenças crônicas e condições higiênicas fazem diferença.
Aos adoecidos, a qualidade da assistência determina o percentual de chances de sobrevivência.
Hospitais improvisados, equipes de atendimento com treinamento insuficiente não podem ser comparados com os outros, que mesmo tratando da mesma patologia desconhecida, trazem a experiência de situações tão críticas.
O recente decreto governamental, tímido pra se auto-proclamar lockdown, não protege os mais vulneráveis.
Tudo do que era antes, o mesmo.
Para os mais jovens, entre ideias curtas, cabelos longos.
E o maldito fecho-éclair emperrado, pra trocar depois.
Aos idosos, nenhuma atenção especial.
Esqueceram do isolamento eficaz e da ajuda efetiva aos hoteleiros, para hospedar os que vivem em casas e barracos superlotados, nos hotéis sem hóspedes.
Oportunidade perdida de anunciar o pagamento dos proventos atrasados para pensionistas e aposentados.
Claro alarme para o perigo que os idosos causam, o 21° decreto de isolamento social pode ser resumido em poucas palavras.
Numa placa a ser afixada nos frontispícios e portões das casas:
Cuidado com os velhos.
Deveria ter outra redação:
Cuidem dos nossos velhos.
O presidente está se lixando pra os velhos que são as maiores vítimas da covid