ONÇA DIFÍCIL DE PEGAR
Uma censura do santo ofício, levou o pai da ciência moderna a passar o resto dos seus dias em prisão domiciliar. E só vir a receber a absolvição papal, mais de 350 anos depois da sua morte.
Tudo porque tentava provar uma teoria formulada há mais de um século. Que a terra girava em volta do sol.
Os geocentristas, vitoriosos à época, sobrevivem e até vão além. Juram de pés juntos que acreditam que nossa pachamama é plana. Alguns até indicam ministros. De mentalidades igualmente chãs.
Ao rigor do conhecimento astrofísico atual, o sol não só não é o centro do universo, como somente uma estrela de quinta grandeza, um minúsculo pontinho brilhante na imensidão da via láctea. Que é outro pontinho brilhante não se sabe bem do quê. Nem de onde.
O mundo do genial Copérnico continua girando.
Na Mata do Fundão a onça macho, de pelo branco e manchas amarronzadas, destemida e solidária com os amigos, enfrenta os perigos da floresta tropical, usando da astúcia para sempre escapar das armadilhas e afastar o predador bicho-homem, para longe.
O mundo do genial Ziraldo continua girando.
Quem se aventura na blogosfera também está sujeito a incompreensões e ameaças.
O salvatério é receber a crítica, fazer a própria e corrigir o que preciso for.
Comentários e reparos nas postagens das redes sociais são sempre bem-vindos. E correções de rotas, bem-idas.
Considerações sobre fatos do conhecimento público e o convite ao leitor para, diariamente, reservar, no máximo, dois minutos do preciosíssimo tempo para pensar sobre eles, é a proposta.
Um momento das nossas vidas. Comum e único.
O maior desafio é conquistar para este pedaço de tela quem tem, na ponta dos dedos, infinitos outros apelos, interesses e opções.
E fazê-lo chegar ao término, com um gostinho de quero mais.
Nem sempre é possível.
Eventual leitor rankeia estes textículos como mais ou menos. ‘Prolixos, se alongam demais’. E confessa não conseguir chegar até o fim destas mal digitadas 90 linhas de iPhone.
Há também os que não entendem que se gaste um mísero byte sequer, abastecendo os neurônios que usamos por aqui.
Eu e você, leitor, que acabamos de nos encontrar há meros 1,5 minutos.
Assim é a vida.
O Galilei foi condenado em Roma. Incompreendido.
Quem sabe, não consigo um dia pegar o outro Galileu. Bicho do mato.
Solto na selva cibernética, avistado por essas capoeiras, do Agreste a Caicó e fazê-lo leitor desta nesga de Território Livre.