29 de março de 2024
Coronavírus

ORA DIREIS, OUVIR AS RUAS

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Perdemos o senso.

As imagens de praças, parques e praias lotadas falam com muito mais de mil palavras.

Até visita ao mais famoso infectado, ainda em quarentena, foi registrada.

Imagine que os invasores são alienígenas e nossa inteligência pudesse dialogar com a deles.

Certamente estariam incrédulos com o que veem (a não ser que tenham um sentido mais aguçado que a visão).

Pensariam como somos limitados, irresponsáveis e inconsequentes.

Quando conseguimos algum espaço,  nesta ladeira descendente, para voltarmos para a segurança da planície antes ocupada, eis que os mais fortes, os mais jovens combatentes, aceitam o jogo do adversário.

E ficam à mercê da sua tática de maior êxito.

Ataques às aglomerações, com bombas de efeitos tardios que só explodem em 14 dias.

As ruas falam.

Urge, ouví-las.

          (Publicação original em 20/07/2019)


AMIGOS NA PRAÇA

Sem dinheiro em caixa (um dia ainda conto porque e por quem), fui à praça ver se encontrava algum amigo.                              

O provérbio reza que vale mais.

Na cidade maior, para as efemérides  alusivas ao natalício do caçula, não adiantou, o relógio biológico bateu o carrilhão, sem atraso.

A caminhada matinal é  convidativa. O lugar, bem frequentado. Aparentemente seguro. De calçadas largas. E limpas. Até sem cocô das Fifis.

Faltava alguma coisa. Ou alguém.                               Pra conversar. Pra ouvir.
Antes das seis, as conexões cerebrais da
área de Broca estão a mil.                          

Efeito remanescente da água de chocalho bebida na primeira infância.

Ainda na estrada real do poço, caminho que levava dos balneários do Capibaribe aos engenhos da casa forte, desacelero o ritmo, para tentar ouvir o que se falava num grupo em movimento.

Quatro ou cinco pessoas com pelo menos uma década (vá lá, meia) à frente das que já contei.                                          Só deu pra saber a profissão e a condição financeira do apressado falante.
Bastou ouvir apenas duas palavras:
filtração glomerular.

Fisgadas da explicação de alguma doença. Nenhuma dúvida que é médico.                   

Aposentado, muito óbvio. Nefrologista.

Deve ter filhos. E genros. E noras.                                     Todos da mesma especialidade, Dr. Livingstone presumiria.

(Nem só o capitão e todos os outros políticos são nepotistas).            

Sócios de  máquinas que dializam, moem e tilintam.

Aposentadoria mais doce,  nem Rogério Marinho azeda.

O ambiente geopolítico precisava também ser explorado. E foi. 

Com mais evidências que as esperadas.

A cidade é bem definida politicamente. E o bairro, fundado por senhores de engenho e ocupado pelazelites?

Se a praça adota a mão inglesa, o engenheiro do caldo de cana tirou qualquer dúvida.                                          O que disse para o porteiro do edifício em frente, o forasteiro ouviu.                                                           Que um tal juiz é o que o deputado Glauber Braga afirmou que aquele outro era.   Foi muito rápido, o entreouvido.
Fiquei sem saber se o Santa foi garfado.                   Ou se teria sido o Sport.

Na saída, a praça também é guache . No gradil da mansão elegante e bem conservada, a faixa com letras garrafais na fonte Pitú 51,  pede liberdade.
Nem em tese. Nem ampla.  Nem irrestrita.  Somente para
ele E anuncia que ali funciona um comitê de Luta livre.

Recife merece visitas mais amiúde.

Mesmo que seja só para auscultar o coração do Nordeste.

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