20 de abril de 2024
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OS ÚLTIMOS SONHOS

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Sonho provocado pelo vôo de uma abelha ao redor de uma romã, um minuto antes do despertar (1944) – Salvador Dalí – Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid.

Uma lufada de esperança de tempos derradeiros mais tranquilos, para quem já está perto de aposentar até o pijama.

E a última oportunidade de realizar alguns desejos quase desistidos.

Finalmente, o cheirinho do carrão novo, a moto que remoça qualquer um, os lugares só vistos pelos olhos dos amigos viajeiros, a casa espaçosa virando apartamento mais seguro e fácil de cuidar.

Não precisa muito para o turbilhão de ideias se formar.

Tudo começa com uma ligação telefônica. Seguido de um derrame de serotonina e a palavra mágica.

Precatório.

Quem, servidor público, não tem ou quer um?

A surpresa de ouvir o  colega (sempre ligado nessas questões trabalhistas) que há muito não dava notícias, vai se desfazendo em perguntas rápidas.

Se há trinta ou quarenta anos, lembrava de um direito sonegado no governo de fulano ou se no de sicrano, já esqueceu que  foram feitos descontos descabidos.

No elenco do filme em preto e branco, não pode faltar um jovem advogado com causas e mais causas bem encaminhadas.

Uma jurisprudência favorável, um direito líquido e certo e um juiz que tem acatado a tese com simpatia.

Investimento de uma pequena taxa só para as despesas burocráticas iniciais e honorários sob contrato de risco.

Muito justo, 20% do que vier.

Não são só 500 reais.

As buscas nos veios do Banco do Brasil começaram.  Há indícios que será garimpado muito ouro.

De repente,  surge mais uma leva de aposentados especialistas em legislação administrativa, direito previdenciário e mercado de capitais.

Certos que a grana preta, entocada por tanto tempo, escondida em contas bancárias adormecidas, está garantida e precisa ser protegida e multiplicada.

Não custa nada sonhar.

 O sonho é a satisfação que o desejo se realize. (Sigmund Freud)

Talvez,  custe somente um pouco, para pagar  o percentual do doutor patrono da questão.

Ou acordar do delírio onírico, com a nota de alerta do TRT sobre uma quadrilha de espertalhões que promete  pressa, em tempos que o governo acena pagar suas dívidas ingratas e amorais, em suaves parcelas mensais. Em dez anos.

Quem sabe,  já no início da próxima encarnação, a dinheirama não esteja liberada?

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A tentação de Santo Antônio (1947) – Savador Dalí -Museus Reais de Belas-Artes da Bélgica, Bruxelas
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O enigma sem fim, 1938- Salvador Dalí – Museu Reina Sofia, Madri

 

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