25 de abril de 2024
ComunicaçãoFamilia

PALAVRAS QUE FASCINAM AVÓS

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Foi somente nos últimos anos do século XIX que a linguística passou a ser estudada  com mais interesse e elevada ao status de ciência.

Desde então, se procura determinar quando o bicho-homem (a bicha-mulher, mais ainda),  descobriu a comunicação sonora.

Que grunhidos podiam representar coisas.

Para as emoções, foi um grito gutural.

Aos 92 anos o Profº Noam Chomsky vê sua teoria  que a capacidade para produzir e estruturar frases é inata ao ser humano, patrimônio genético que passa, por herança, de geração a geração, confirmada pelas amorosas observações dos avós.

O que não perceberam nos filhos, ou pouca atenção deram na fase da vida com outros afazeres, compromissos e necessidades, com o tempo livre e cada vez mais escasso, é motivo de deslumbramento e incontido orgulho a ser apregoado.

Depois do domínio da palavrinha mágica, capaz de suprir todas as carências,  a mamã percebe, mais cedo do que pudesse esperar, linguajar com elementos muito além das palavras simples.

De tanto ouvir aquele nome impossível de ser dito pelos adultos que viam pela primeira vez nos céus de Campina Grande, algo de novo, além dos aviões da Real, a  garotinha associou a coisas ruins, reprováveis.

O nome sempre corrigido por alguém mais sabido, em tom de galhofa, foi aprendido corretamente e juntado ao glossário dos impropérios para ser usado nos momentos de frustração e fúria infantil.

Para aquela família, helicóptero virou palavrão tão censurável como as menores e sujas, xixi e cocô.

Cinquenta anos depois, vocábulos tão improváveis entram na prosódia das crianças para espanto e deleite dos vovôs-babões.

Para uma piá de três anos, explicar maus feitos e travessuras  não é problema.

O copo quebrado, claro, foi um acidente.

Não foi de hipopótaso.

Nem um hipopótamo causaria tal  prejuízo de propósito.

Ao ser pega em flagrante delito, mexendo nas coisas da mãe, respondeu à inevitável pergunta “o que é isso?”, sem titubear:

Absorvete.

E repetiu pausadamente, soletrando, ab-sor-ve-te.

Ao pai curioso que por certo não conhece bem  esses apetrechos de mulher, foi didática:

Parece uma faldinha. Um tipo de falda.

E para que não restassem dúvidas que sabia do que estava falando, completou a informação.

Pra usar na bunda…

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