19 de abril de 2024
Coronavírus

PAUSA PARA ACELERAR

10618887-0A58-4917-894D-15CC4681B41C

O tempo,  por si só, é suficiente para nos fazer diferentes. Nada é mais o que seria hoje.

Novos conhecimentos e tecnologias facilitam as atividades do cotidiano, simplificam a vida e mudam hábitos.

Quem nunca ficou a imaginar como teria sido a aventura da inesquecível viagem, guiada por mapas riscados de círculos e sublinhados, se já existisse o GPS?

Agora, todos pensam como será quando a pandemia passar.

Continuaremos sob a mesma batuta, no andamento gravíssimo, imposto pela maestrina não-convidada?

Ou apertada a tecla fast forward do metrônomo do novo normal, a vida andará prestíssima?


(Publicação original em 17/03/2019)


UMA CAMA REDONDA DEMAIS PARA DOIS

Antes do Trivago e do Booking , reservas eram tarefas sempre  solicitadas a algum parente ou amigo que morasse na cidade destino.

Foi assim que fizemos eu e um colega  quando fomos  para um estágio de reciclagem (não se falava em fellowship naquele tempo) no Hospital das Clínicas.

Tudo certo. Um paulistano com ares e sotaque de quatrocentão, costumava passar férias em Natal, onde era paparicado por ambos.  Seria nosso receptivo e cicerone na metrópole. Uma questão de reciprocidade.

Ao nos apanhar, já  no aeroporto,  não demostrou a mesma simpatia que irradiava no sorriso franco quando passeávamos de buggy em beiras de praia e terras de Poti. Parecia até que estava perdendo alguma coisa. Como era domingo à noite, imagino, o show da vida.

Com pouca conversa, sem marcar nenhum encontro para depois, simplesmente nos deixou na frente do hotel.

E lá estávamos com malas e bagagens numa calçada cheia de gente alegre, de um prédio decadente com portaria revestida de veludo escarlate.

Pouca burocracia e fomos levados aos aposentos.

Para nosso espanto, uma única cama. Redonda. Com baita espelho no teto.

Só conseguimos pernoitar à uma providencial distância um do outro graças a uma  cama de campanha que o porteiro arranjou depois de ter a mão molhada.

Até hoje desconfio  que nosso amigo escolheu com esmero nosso pouso para que sentíssemos o que era a paulicéia.  Mais desvairada ainda com o neon e as luzes piscantes do Pink Motel.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *