PELAS MULHERES (E VELHOS) NO PODER

Aos 59 anos,  Barack Hussein Obama II, desde que entregou as chaves da Casa Branca, leva uma vida mansa.

É o primeiro ex-presidente a continuar morando em Washington.

Numa mansão, num  subúrbio tranquilo e elegante.

O casal number one mais popular desde Kennedy & Jackie, somente nos dois primeiros anos afastado do poder,  faturou mais de cem milhões de dólares em direitos autorais de biografias.

Em livros e seriados da Netflix.

O único presidente americano de ascendência africana e oriental  já  se considera velho para voltar à política.

Tem atribuído os grandes problemas do mundo aos dirigentes mais idosos, na quase totalidade, homens, que não abrem espaços para os jovens.

Mesmo assim,  foi importante cabo eleitoral na vitória do seu vice, aos 78 anos. O mais velho a assumir o cargo.

Ever.

O marido da Dona Michelle foi ainda mais longe, no aval a Kamala Harris, a primeira vice da história americana.

Declarou sua confiança no empoderamento (argh!) das mulheres no mando das nações.

Quero dizer às mulheres que vocês não são perfeitas, mas posso dizer, de forma indiscutível, que são melhores do que nós.

Assassinado aos 63,  por razões políticas, Marco Túlio Cícero, orador e senador romano, não dispensava a sabedoria dos anciãos  na vida pública.

Sobre as mulheres no comando, nada falou.

Cem anos antes do nascimento de Jesus de Nazaré, ninguém havia ainda filosofado sobre teoria de gênero.

A sua  pequena grande obra,  Saber Envelhecer, responde aos quatro argumentos que reprovam a velhice.

I  Falta de vigor.

Aos que achavam que a  senectude o afastava da vida ativa, lembrava que para assuntos públicos, a inteligência é mais importante que a força física.

II  Declínio da memória.

Só acomete os mais velhos que não a cultivam e anulam a vivacidade do espírito.

Lembra o antigo provérbio “quem quer ser velho por muito tempo, deve começar logo cedo”.

III  A idade provecta priva dos melhores prazeres.

Verdade para muitos, para Platão, o prazer era a isca do mal.

“O velho que evita os excessos dos banquetes também desfruta dos prazeres de uma refeição equilibrada”.

IV  A velhice é a aproximação da morte.

O conselho do sábio é que “não se deve apegar desesperadamente nem renunciar sem razão ao pouco de vida que lhes resta”.

Ao receber do filho, com metade da  idade do pai, livro tão provocador, como não lembrar Gabriel García Márquez?

O segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão.