PERFUME PROIBIDO
Quando em 1839, Charles Goodyear botou pressão e fogo na borracha, queria somente fazer a seiva que vinha dos trópicos, moldável a qualquer forma.
Virou nome de pneu muito antes que a indústria química criasse, a partir de substâncias extraídas do petróleo, o couro sintético.
Para muitos, ecologistas à parte, o legítimo couro continua insubstituível.
E seu aroma, inesquecível.
(Publicação original em 11/05/2019)
CHEIRO IGUAL SÓ TEM UM
Quando os problemas ainda não eram com os órgãos de proteção ao meio ambiente nem se temia a fatal concorrência dos chineses, os curtumes se preocupavam em atender às normas técnicas do Ministério do Trabalho.
A atividade, sabidamente insalubre , era vigiada de perto por fiscais que notificavam as irregularidades e davam prazos para resolvê-las.
Depois de um exaustivo esforço para cumprir as exigências da fiscalização, todos estavam confiantes que na próxima inspeção, conquistariam conceito máximo.
O presidente da empresa que dividia seu tempo entre a indústria e suas fazendas no Cariri paraibano, estava presente quando chegaram os guardiões do bem-estar da classe operária.
Turma nova, chefiado por uma jovem. Pelo jeito, gente de fora
O chefe do clã e da empresa familiar decidiu, ele próprio, servir de cicerone no tour pelos diversos setores da fábrica.
Pensou que havia respondido a todos os questionamentos mas no final da visita, com aquele sotaque melodioso de carioca, a visitante reclamou de um determinado ambiente.
Persistia o forte odor nauseabundo e para aquilo, teria de ser encontrada uma solução.
A agente do governo ficou calada (portanto, deve ter concordado) com a explicação de quem começou na curtição, mal saído da infância:
-Minha filha, catinga de couro é como a de furico. Não tem quem tire.