PIADA PARA MAESTRO EM DOIS MOVIMENTOS
Em que lugar do mundo, o Presidente da República faz piadas com críticas à imprensa, ao congresso e ao próprio governo?
E onde os temas que mais afligem a população são tratados na galhofa?
Se você está pensando em alguma republiqueta sul americana, errou feio.
Anualmente, o chefe de governo da maior potência econômica e militar mundial oferece um jantar aos correspondentes na Casa Branca, e nele, a tradição é comida farta, vinho da Califórnia e bom humor.
Sem censuras. Sem achaques.
Um comediante é sempre convidado para em meio a meia dúzia e meia de chistes, descontrair o ambiente quase sempre tenso do mundo da política.
A tradição é respeitada e todos entram no clima amistoso.
A primavera é comemorada com fairplay.
Naquela noite, todos sabem, vale quase tudo. E tudo rende notícias e pontos no Gallup.
Barack Obama aproveitava seu pendor para showman para turbinar ainda mais a popularidade.
Os anos Trump, dispensam humoristas convidados.
Até a falta do anfitrião e sua desculpa pela ausência, viraram graça. E muitas caricaturas do topete.
Como do lado de baixo do equador as formalidades não são mais respeitadas, o hábito das perguntas e respostas ao portão do Alvorada, que poderia ser um evento especial, uma coletiva do PR, tornou-se acontecimento banal e muitas vezes, anedota de mal gosto. De porta de botequim chinfrim.
Além da imensa e imortal obra musical, Tom Jobim deixou uma aguçada percepção critica da terra natal.
Viajante por necessidade e gosto, por onde passava tinha sempre que explicar fatos que aconteciam no país que tanto cantou.
É um país em que as prostitutas gozam e os traficantes cheiram. É ou não é um país de cabeça para baixo?
Cansado de tantas explicações, cunhou uma frase nunca musicada e que não deixa de ser atual, com a qual respondia a qualquer estupefação.
Falecido há mais de 25 anos, o que diria a maestro sobre a presença de um comediante no gabinete do palácio do governo, conduzido no carro n° 1, despachando com ministros, de faixa presidencial, protegido por seguranças e tendo na direção das cenas gravadas, a própria autoridade imitada?
E do ídolo esportivo, de cara, dentuça, madeixas e touca conhecidas por qualquer criança em qualquer lugar do mundo, preso como falsificador de documentos pessoais?
No Paraguai.
Talvez, o que repetia sempre depois de toda estória incrível da surreal pátria idolatrada.
O Brasil não é para principiantes.
O tempo neste site corre mais rápido do que osga* nas paredes.*Para quem não sabe o que é osga, explico que aquela espécie de lagartixa branca que anda nas paredes das casas. Parabéns pelos responsáveis da féliz iniciativa da coluna aniversariante.