24 de abril de 2024
futebol

RÁDIOS AO VENTO

F35FFA61-66FA-4A3B-AA29-2F3E6CC7FAE4Não tem o menor cabimento a proibição aos torcedores de entrarem nos estádios de futebol com seus radinhos de pilha.

Nem explicação lógica.

Até que tem.

Segundo as autoridades policiais é para evitar que os mais inflamados transformem seus receptores em armas semi-letais.

Típica memória atávica que aflora em mentes iluminadas pelo obscurantismo.

Essas lendas urbanas ganharam os gramados, relvas e areeiros no auge da zona franca de Manaus.

Há bons quarentanos diziam por aí que os  rádios portáteis eram tão baratos no meio da selva que a turma levava sacos deles para jogar no filho da mãe do juiz e nos dois bandeirinhas,  igualmente filhos de Deus.

Não há registro de ocorrências mais graves mesmo nos jogos do Nacional contra o Fast.

Hoje, com tantos árbitros auxiliares, o protesto torna-se antieconômico.

No e-commerce, o mais barato é encontrado a 20 reais. Pela foto meramente ilustrativa, de plástico raquítico, inadequado para uso bélico.

Se apostam no fácil acesso aos manuais terroristas de fabricação caseira de bombas, é bom rever um pouco a química aplicada.

Como muita gente ainda faz confusão entre pilha e bateria, esclareça-se que há uma diferença fulcral.

A pilha tem dois eletrodos mas  é uma só unidade. Já a bateria é um conjunto de pilhas ligadas em série ou em paralelo.

Não é preciso ser nenhum Mendeleev, nem Lavoisier para concluir pela inocência da fonte de energia ora proibida, enquanto que a potencial vilã segue sem restrições.                                        Aquecidas que estão, nesta temporada pré-carnavalesca.

F333365F-DF73-49A7-A09D-CF1E2A6D2F0BHá quem lembre que os celulares também devessem ser proibidos.

Estes é que não apresentam o menor risco.  Viraram objetos de estimação.  Companheiros tão fiéis como só ZéDirceu e Queiróz  sabem ser. Extensões dos nossos corpos.

Ninguém há de imaginar que algum fanático vá amputar uma mão, por macabro exemplo, para atirar no fdp de preto.

Há mais de 50 anos, surgiu polêmica semelhante.

Sai o setor de eletroportáteis entra  o de hortifruti.

A venda de laranjas foi proibida no velho Juvenal.

A proximidade do público no modelo de estádio, ultra-arena pré-moderna, e o hábito de rebolar o bagaço chupado nas cucurutas da autoridade máxima do espetáculo, foram as justificativas aceitas por todos.                                                     Menos os vendedores das pêras e bahias que reclamaram da liberação dos frutos que Ari Barroso jurava que brotavam nos coqueiros.

Uma laranja, qualquer um joga. Já um coco…

Argumento usado pelo presidente da federação de futebol que ninguém ousou contestar.

João Machado, doublé de cartola e radialista, não era mesmo de empatar festa de ninguém.

Nem a produção de quengas na  sua fazenda iluminada.

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