16 de abril de 2024
CoronavírusPolítica

PRIMEIRA REVISÃO DE ESTUDO DUPLO-CEGO

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Guilherme Kramer

Abalizados cientistas políticos, comentaristas isentos, influencers e pitaqueiros, são unânimes em reconhecer que na eleição da pandemia, ganhou a velha política.

A nova,  havia morrido na de véspera.

O modelo prometido, com expectativa de vida longa,  não vingou.

De novo na crista  da onda,  dernier cri, as mesmas roupas de sempre, ditadas por quem determina como serão as tendências.

O Centrão da moda.

Não é esta a única contribuição do coronavirus para a democracia.

Como ninguém estava mesmo entrando em acordo sobre a imunização de rebanho, foi entregue de bandeja aos cientistas, o maior estudo já feito sobre uma doença,  em todos os tempos.

Os dados fazem parte de um trabalho clínico com dupla ocultação. Randomizado e prospectivo.

Com populações parecidas,  os estados da Paraíba do Norte e do Rio Grande tiveram campanhas eleitorais diferentes.

Os tribunais escrutinadores divergiram e variaram as doses de liberação das aglomerações.

Um ano depois, os dados podem ser  analisados.

Em pleno pico  da segunda rodada de contaminação, um estado liberou geral; o outro não autorizou comícios, nem passeatas.

As  observações, passado o crivo do tempo,  não deixam dúvidas.

Não houve diferenças significativas entre os dois grupos, mas só no que toca aos índices de contágio e transmissão do vírus Sars-Cov2.

Os que aglomeraram, formaram o contingente que mais contribuição deu para o repertório das disputas partidárias, acirramento de ânimos e inimizades gratuitas.

Carreatas transformadas em desfiles de carros alegóricos, consolidação do hit, o homem (mas pode ser a mulher) disparou, e a grande novidade das lambadas-denúncias, que ameaçam fazer parte do calendário oficial de xingamentos.

De uma  campanha contida, silenciosa e bege, não sairia nunca, a primeira vereadora transgênica e não teríamos conquistado mais este marco histórico, onde o voto feminino foi primeiro.

As curvas de contágio e as taxas de transmissão, comparadas, auditadas pela CPI do Senado, não mais permitirão que os comitês científicos venham no futuro, sugerir a proibição da festa democrática e os ajuntamentos cívicos.

Os que se debruçarem sobre os gráficos, poderão comparar  os números  da pandemia com os da guerra partidária, e haverão de concordar  que entre vitoriosos e derrotados,  o que prevaleceu foi o pensamento do Dr. Ulysses Guimarães:

“Sou louco pelo poder, seduzido pelo poder e é para isso que eu vivo.”

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Da série Multidão – Guilherme Kramer, pintor contemporâneo paulistano, fascinado por multidões, na vida das ruas e transportes públicos, nos festivais e grandes manifestações populares.

 

 

 

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