29 de março de 2024
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PROCESSANDO O VOTO

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A vida corre rápido nos cabos de fibra ótica e infovias.

Há um ano, votar numa eleição nacional, mesmo que de uma entidade médica com número reduzido de sócios, era novidade de deixar o queixo nos joelhos.

A pandemia está mostrando que há muito mais coisas na blogosfera  do que os home offices.

A novidade chegou pra ficar.
Assembleias já estão sendo realizadas à distância, por controle remoto.

Tem a vantagem da análise calma dos documentos antes das decisões e evita a manipulação de votos. Nas contagens das mãos levantadas e resultados viciados pelos  que, apáticos, permanecem como estão.


(Publicação original em 07/08/2019)


O NOVO VOTO/PROCESSO

Ninguém precisa esperar pelo futuro. Ele chega sem tardar, não bate  à porta, nem aperta campainha.

Em sua última visita, foi sorrateiro.                                 Com um toque sutil e bem familiar de alerta, anunciou sua chegada.  Era tempo de escolher pelo voto secreto.  Direto do smartphone.

Como já fizeram associações e entidades mais contemporâneas, chegou minha primeira vez. De votar em eleição nacional, exclusivamente on line.

Experiência que faz qualquer um sentir-se habitante de Orbit City. Vizinho da família Jetsons.

Quase centenária, a  sociedade de especialidade médica costumava eleger seus dirigentes em eleições presenciais.                               Na tradição republicana.

Com listas, cédulas, cabines, atas, presidentes, secretários, mesários e fiscais. Durante congressos bienais.                                

Perdia-se horas nas longas filas e ganhava-se o constrangimento de ter de prometer, na boca de urna e na surdina, votar em tantas chapas quantos colegas candidatos nos cumprimentassem efusivamente.

Passados muitos anos até a opção do voto antecipado, pelo correio.                            Cartas, sobrecartas, envelopes, carimbos, registros, ARs e o risco do voto inválido por atraso na entrega ou eventuais greves  dos carteiros.

A novidade é o que novos gestores, gurus das inovações e coaches  de um modo geral, chamam de quebra de paradigmas.

Depois de campanha eleitoral eletrônica (sem impressos nem panfletos), foi aberto o prazo de um mês para votação.  Podia ser tempo mais curto. Pelo menos para quem sempre votou na primeira hora.

Por SMS ou e-mail é enviada uma senha por CPF cadastrado, o que permite acesso ao site. Em poucos toques e segundos,  o dever societário se completa. Não importa em que continente ou em qual fuso horário esteja o votante.

Quando iremos poder cumprir nosso dever cívico na escolha dos governantes, da mesma maneira?

Vários estados americanos já adotam métodos semelhantes. Menos para presidente. É  só lembrar o que aconteceu quando os gringos combinaram com os russos.

Na última eleição presidencial na Lituânia, mais de um quarto dos votos foram feitos em casa.

Além das proconsults, smatmatics, intercepts e outras que ainda estão por aparecer, há pontos a ponderar.

Dos analfabetos e deficientes visuais.                                           É possível um áudio-voto?

O Siri quebra o sigilo?

Como fica o segredo?

O TSE poderá lançar uma campanha publicitária:

-Faça do seu celular, uma cabine indevassável.

De outros argumentos, não restam dúvidas.

Os custos serão infinitamente menores.                                   

Domingo é dia de orações. E pernas pro ar.

O sufrágio continuará obrigatório. Ou não. Ninguém vai reclamar de ter de sair de casa para anular o voto.

Um dia, nossos netos votarão assim.

E se a qualidade dos candidatos não melhorar, prato cheio para os  performáticos.

A chance de uma baita e inspiradora instalação doméstica no ritmo de poema-processo:

Sentado no vaso

O fato

O ato

O voto (consciente)

E a descarga final.

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