20 de abril de 2024
Música

QUANTA FALTA

A8FC168C-F0C3-478A-AE5F-5C14EFABDA5DAgora é pra valer. O bloco carnavalesco mais irreverente do Recife não vai sair desta vez, pela última vez,  este ano.

Quem pensava que  era  mais uma paródia, à moda Le Cirque, e não acreditava nas várias derradeiras apresentações, sempre adiadas, foi surpreendido.

Quanta Ladeira tinha cara de agremiação carnavalesca, jeito e roupa de bloco mas diferente de todos os outros, não saía às ruas. Suas performances,  em recintos fechados ou em palcos armados nas praças, a cada ano atraía mais gente.

Sempre com muita expectativa, deboche e repercussão.

O segredo de tanto sucesso eram as letras trocadas das marchinhas e hits das paradas e muita gozação com os famosos e as celebridades de 15 minutos.

Formado por músicos e compositores, atraía grandes artistas que aceitavam as co-autorias e empréstimo compulsório de suas obras.

Como quem ri de si próprio, o carnaval pernambucano era o primeiro a entrar na ciranda.

A origem do nome foi a tradução livre e sonora da música crioula cubana, Guantanamera. Não se sabe se  com alguma evocação às  presas no enclave yankee na ilha comunista.

Quanta ladeira…

Olinda

Quanta ladeira..

Qual vassourinhas,  a treta com o tradicional Elefante, virou a modinha de maior sucesso.  Um clássico do bom humor e da alegria  que acende  qualquer folião.

Olinda, quero mijar

Aqui, no teu portão

Num aguento mais

Não arrumo lugar

Vou fazer xixi no chão

Deixa eu… só escorar

E aliviar geral

Salve o teu carnaval.

Políticos locais sempre homenageados. De todos os partidos. O critério, proporcional à exposição na mídia ou ao insucesso eleitoral.

Cadê pagode?

Cadê mamãe-sacode?

Os trios que saudavam o camarote de Cadoca.

Meu abadá caiu no esquecimento.

Que falta eu sinto do   cordão de isolamento.

Presidentes, pré e candidatos, nunca esquecidos.

De todos,  a campeã absoluta das citações foi Dilma Vana.

A presidenta que nunca foi Santa.

Nunca foi Náutico.

Nem Sport.

Deixa eu votar

Lula disse que Dilma é a cara

Sua tara

É sentar em um o pau de arara

Deixa eu votar

Mas eu não voto nessa otara

Que parece Pedro de Lara

Essa Dilma ninguém azara

Nem doidão, nem de cara.

Seu opositor não foi poupado.

Serra, Serra , esse mutante,

Que aparência horripilante

Quem jamais eu votaria.

Nem a empresa de energia, no ritmo dos Beatles.

Celpe, levei um choque.

Celpe, encostei num poste.

Celpe, fio desencapado.

Ceeeeelpe!!!

O motivo para o fim da folia não foi bem esclarecido. 

Especula-se que seja o excesso de fontes inspiradoras na era Bozo.
Há também quem atribua à dificuldade de rima com o nome do Ministro da Educassão.

O mesmo espírito que animou o carnaval pernambucano continua  baixando em muitos outros terreiros.

Em Belo Horizonte, apesar da tragédia das chuvas, é esperada a estreia de outra troça.

Quem deu, deu;
Quem não deu, não Damares.

A Globo tá demais! – LEGENDADO!

3 thoughts on “QUANTA FALTA

  • Geraldo Batista de Araújo

    Meu prezado amigo/irmão, os carnavais antigos foram devorados pela PÉSSIMA música baiana. Os grandes frevos ficaram na saudade. “Cadê Mário Melo, partiu para a eternidade….”

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  • Olá aqui é a Maíra Oliveira, eu gostei muito do seu artigo seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigada.

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