25 de abril de 2024
CoronavírusNatal

QUERIDO PAPAI NOEL

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Os noticiários das TVs ainda insistem.

Os Correios continuam estimulando.

Crianças não desistem de mandar cartas para  Papai Noel.

As respostas é que não são as mesmas de antes.

Na lista de suspeitos, mais que ruídos de comunicação.

Ou a Lapônia já privatizou o serviço ou o bom velhinho se rendeu aos  meios  mais modernos, diretos e rápidos de se comunicar.

Em sã loucura, quem vai trocar a facilidade de uma tela brilhante,  na ponta dos dedos, dispensando selos, carimbos e pagamentos,  por folha de papel que nem corretor ortográfico automático tem.

Missivas impressas sempre foram exclusivas da correspondência oficial e dos negócios.

Agora não tem jeito. Todos aceitam tipos e fontes.

Emoções transformadas em palavras, até as de amor, em caixa-alta, sem que se dê pela falta do capricho das letras esmeradas.

O que um emoji criativo não substitui?

A escrita cursiva identificava  a autoria e  o remetente.

Denotava sinceridade e revelava a real necessidade do pedinte, suplicante.

Só as justificativas, incompreendidas  pela caligrafia ilegível, corriam o  risco de não serem decifradas. E atendidas.

Ainda ensinada na escola, a redação de cartas com cabeçalho, vocativo, corpo do texto, saudação de despedida e a firmada assinatura, está fadada a se juntar à raiz quadrada e tantas outras matérias sem serventia na vida vivida entre postagens e encaminhamentos.

Nem os vovôs guardam mais em suas gavetas, blocos de papel pautado, estacionário, almaço.

Envelopes? Não adianta procurar.

A espera pelo carteiro, trocada pelo alerta vibratório e toque personalizado do celular, não é mais tão torturante.

Até o  velho costume de mandar (e receber recíprocos) cartões desejando boas festas,  se perdeu no tempo.

Rendidos aos modernismos que chegam sem avisar, entraram em desuso,  por obsoletos.

Sem poder competir com os digitais, cheios de movimentos, cores, luzes e sons, tornaram-se peças raras. E excêntricos, seus remetentes.

Mais fácil, procurar o contato e mandar uma mensagem direta e instantânea.

Encontrar algum conhecido que participe de grupo de WhatsApp com ele, correndo o risco de tratar-se de perfil falso,  com outras intenções que não distribuir presentes.

Golpistas estão por tudo que é canto. E redes sociais.

A bio do Instagram poderia ser um caminho mais curto para um pedido disfarçado de comentário.

O risco é confundirem com as contas de interesses comerciais e suspenderem a brincadeira.

O Facebook com tanta corrente de orações e maus presságios,  se quebradas, pode não ser uma ideia de sorte.

No Twitter empestado de robôs e cheio de conflitos não se encontra  clima para tratar destes assuntos. E de generosidades.

A esperança é que neste ano tão diferente dos outros, o Nicolau tenha gasto todo seu tempo na oficina,  para fabricar um só tipo de presente.

Que o seu trenó corra o mundo, repartindo com todos, sem diferenças, doses de fé e confiança que tudo andará bem.

E bilhões de  frasquinhos de vacina.

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