20 de abril de 2024
Memória

QUIMERAS SEMELHANÇAS

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Sandro José da Silva


Tenho contado algumas estórias neste Território Livre, todas levemente baseadas em fatos, pessoas e na memória claudicante de um quase setentão.

Muita gente querida que faz falta em nossas vidas, renasce. Exemplos de viver e bem querer aparecem do nada, sem motivos aparentes.

Legados, em comportamentos, perspicácia e humor. Hábitos e costumes que não existem, nem os tempos modernos permitem mais.

Aflora o que ainda está guardado na memória,  com as devidas e inevitáveis mudanças provocadas pelo passar dos anos, e antes do esquecimento total.

Que seja assim, até a hora do embarque no trem para Alzheimer.

A identidade dos perfilados quando resguardada, algumas vezes, não se há de negar, é como se estivessem  se revelando.

Muitas vezes,  relações familiares evocam sentimentos incontroláveis.

O antepassado é sempre único, imaculado,  mas depois da última viagem, tudo que ficou para trás e resta, pertence a cada um, e a todo herdeiro da riqueza imaterial que não precisa de guardiões, nem de representantes legais.

A boa fortuna agora é só sentimento.

A pessoa lembrada, sofre os efeitos do afeto, que passa por filtros, controles e esquecimentos voluntários, para ressuscitar em muitas versões.

Que cada um conte a sua, do seu jeito.

Não merece culpa quem viaja pelo tempo e resgata das prateleiras pouco frequentadas, as reminiscências que podem servir de exemplo para as gerações do presente e as que estão a chegar.

Cada cena é contada ao feitio de quem a concebe, lembra e dirige.

Os personagens são singulares, mas aceitam  múltiplas versões, pintadas em  todas as cores do caleidoscópio da imaginação.

É comum o memorialista, sem pretenções de historiador ou biógrafo, receber no privado, reprimendas pelo que mostrou em público.

Lições de como desenhar os perfis.

Censuras pelo jeito, forma e modo de narrar fatos e verdades.

Exigências  e exageros para preservar a honra nunca vilipendiada.

Não é este o propósito destes pequenos textos sem estilo, rumo, nem cabrestos.

Seria muita pretensão parodiar Nelson Rodrigues, mas aqui, a Vida É Como Ela Parece Que Foi.

Como me contaram, ou consigo lembrar.

Deixo para os biografistas, os rigores das informações precisas, completas e fidedignas.

Aqui, toda coincidência  será sempre tratada como mera semelhança.

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O artista plástico Sandro José da Silva, nasceu em Belo Jardim, Pernambuco. Autodidata, está radicado no Rio de Janeiro

One thought on “QUIMERAS SEMELHANÇAS

  • Luíz Costa

    É isso mesmo, o que fomos, o que somos, e se possível o que seremos, tem e deve ser contado, somado e nunca diminuído. Show de bola.

    Resposta

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