RAZÃO & ÓDIO
Um ano e meio depois do desembarque, o inimigo ocupa todos os espaços e estudos, mas ainda é desconhecido.
Ninguém, incluídos academia e organismos multinacionais, tem respostas precisas para as perguntas que carrega, envoltas em mistérios e medo.
Faltam moderação e humildade para lidar com a tragédia sanitária que desnudou a precária capacidade de reação do mundo civilizado.
Sobram desencontros, retórica e polêmica.
As possíveis soluções, a partir do emprego de recursos materiais ilimitados, mostram-se insuficientes.
A falta de uma liderança global, afasta mais ainda o utópico entendimento e aumenta a distância entre ricos e pobres.
O extremismo das ideologias políticas, embota o pensamento sereno e inibe quem pode oferecer ideias razoáveis, menos traumáticas.
Os mesmos que se arvoram guardiões das verdades absolutas, não conseguem acionar a lanterna onisciente quando penetram no ambiente escuro das novas apresentações do vírus.
A variante delta, apenas uma entre muitas possíveis, transportou os sábios do Olimpo, do platô que pensavam ocupar, no ápice do cabedal dos conhecimentos científicos, para a planície da ignorância rasteira.
Mutações rápidas parem cepas batizadas em outras letras gregas, surpreendem e põem sob suspeita, a confiança na imunização, como destino final da jornada de sofrimento.
A superproteção almejada não é garantida, quando se percebe obsoleto, tudo que se sabe antes de detectada cada nova mudança.
Houvesse mais empatia para se lidar com a situação, ainda muito longe de controlada, seria mais razoável a aceitação de posicionamentos céticos.
Não seriam julgados pelos tribunais da inquisição midiática, aqueles que lembram que o pico e recorde de contaminação, na primeira onda, antes do vacinado inicial, também caíram para os mesmos índices observados agora, às vésperas das terceiras doses.
Poderia ser aberta uma discussão honesta sobre a imunidade naturalmente adquirida, prazos de validade e limitações dos imunizantes experimentais.
Seguindo orientação da Organização Mundial da Saúde, o limite da idade mínima para vacinação esperaria conclusões sobre suspeitos prejuízos à fertilidade das crianças e adolescentes.
A moderação substituiria o extremismo na flexibilização das medidas restritivas.
Ninguém seria acusado de ameaça terrorista, nem de vigilante fascista, por conta do uso de máscaras em ambientes abertos.
A mesma sociedade que abomina preconceitos e clama igualdades, defende com todos os rigores da sanha punitiva, os passaportes vacinais, apartheid tão cruel quanto o que segregava pela cor da pele.
Se as vacinas que antes anunciavam, completamente eficazes quando atingissem 60% da população, não forem capazes de permitir o convívio com a minoria dos que não a aceitam por razões pessoais, é de se temer o risco da volta dos campos de concentração e das câmaras de gás, para os refratários, obscurantistas não vacinados.
Enquanto o tempo não concluir sua aula magistral, só nos resta afastar a misologia, este ódio instado contra o raciocínio lógico, e seguir os conselhos do bom senso:
Proteja-se, vacine-se; mas se adoecer, cuide-se enquanto é tempo.
A morte de Sócrates (1787) – Jacques-Louis David –Metropolitan Museum of Art, New York
Parabéns Domicio !
Excelente texto.
Assuntos sérios como este devem ser veiculados na Internet e as as asneiras e não as asneiras sobe o pobre futebol brasileiro do momento.
Expressa também o meu pensamento neste iluminado texto, com clareza adverte a falta de bom senso e respeito aos contraditórios.