29 de março de 2024
Opinião

Reconstrução depois da pandemia pode resultar num mundo melhor

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Cassiano Arruda – Tribuna do Norte – 01/04/20

Em tempos de pandemia, como os que estamos vivendo, uma semana parece uma eternidade. E o que ocorreu na quarta-feira passada, num mundo realmente globalizado, termina mexendo com todos, independente de espaço ocupado.

Washington e Venha-Ver disputam lugar num mesmo canal e parecem conviver com uma mesma realidade que aparece na telinha.

Assim, as decisões do presidente Trump, de repente, terminam entrando na conversa do barbeiro de São José de Campestre, ou na decisão dos nossos prefeitos.

Do mesmo jeito que alguns temas entram e saem de pauta, e quando retornam ficam parecendo uma grande novidade. É o caso narrado pelo senador Tasso Jereissati que traz de volta a necessidade de criação de um comando único para gerir a crise em nível nacional. (O que foi tentado demonstrar na coletiva de imprensa de segunda-feira, no Palácio do Planalto, mas teve leitura diferente dos analistas).

Ele fala da questão brasileira, mas na velocidade do vírus, termina renascendo como um simples problema local.

A PIOR DAS CRISES

No terceiro mandato, Tasso considera a crise do coroavíros a pior que já viveu.

O parlamentar cearense critica o que considera “falta de comando” do governo federal e teme que a crise entre o Palácio do Planalto e os governadores piorem o cenário.

Ele coloca sua posição em favor do confinamento horizontal “é o que tem de ser feito”. O resto é incerteza. É evidente que não se pode esquecer a economia, mas a prioridade neste momento é salvar vidas humanas e conseguir controlar o ritmo de crescimento dos casos no país. Caso não se controle, nós vamos também entrar em derrocada econômica.

E complementa: Falta um Comando. Falta uma centralização de toda a estratégia. E lembra o papel do executivo Padro Parente quando assumiu, no Governo FHC, o comando das ações quando o Brasil sofreu a real ameaça de um apagão elétrico.

O PROBLEMA LOCAL

No plano local, pelo menos, não existem casos explícitos de desavenças entre autoridades, e elas tem procurado demonstrar entendimento na tomada de decisões.

Aqui todo mundo é a favor do prolongamento de quarentena. Quarentena horizontal.

Até porque o exemplo da cidade de Milão está sendo lembrado a todo momento. Lá, depois de um início promissor, resolveram mudar a estratégia e a Itália já ultrapassou a China, onde tudo começou, em matéria de óbitos contabilizados.

Sem falar nos segmentos que estão aparecendo para dividir os seus problemas com a situação presente. A Tribuna mancheteou que “Convid-19 ameaça agropecuária do RN”. Não é o único.

A direção da Caern também está usando essa situação para mostrar a necessidade de redução do consumo, em virtude do acentuado aumento do gasto d`agua, com a quarentena…

UM NOVO MUNDO

Como não se conhece episódio nenhum que tenha mudado a vidas pessoas como o “Conid-19” ninguém espere que depois que tudo voltar ao normal (se voltar) não se aproveite o que foi preciso fazer, inclusive as improvisações, em tempos de normalidade.

Tendo o turismo como sua principal atividade, Natal está vendo a imobilidade do setor mais expressivo de sua economia.

Aí cabe um primeiro questionamento: – Será que todos os integrantes do processo vão sobreviver e vão poder reabrir seus negócios?

E qual será a atitude do governo diante do desmantelamento de todo um sistema que gastou mais de 30 anos para ser implantado?

É o caso de Natal, por todas as razões, com a rearrumação da atividade turística, com todas as suas 56 operações distintas, inserida no contexto. Atividade que necessita, já de agora, o levantamento do seu quadro real, vendo o que vai precisar ser feito, pensando na preservação dos empregos e salvação das empresas.

PESADELO MUNDIAL

Ainda vivendo um pesadelo no meio da primeira pandemia global, em mais de cem anos e sem data para acabar, somos todos empurrados para viver uma psicose coletiva.

Quem está confinado, como o autor dessas linhas há mais de quinze dias, como integrante do chamado “grupo de risco”, recebe as notícias com relatos sobre entes queridos doentes e o perigo da morte nos rondando a todos.

Na quarentena afloram as memórias, muitas vezes de fatos acontecidos longe. E a necessidade de enfrentar as dificuldades e ainda escapar com disposição para enfrentar outra guerra. A recomposição do que já foi perdido no primeiro trimestre de 2020.

Tendo como bônus a possibilidade de reconstrução de um mundo melhor, habitado por homens e mulheres conscientes de que eles próprios podem melhorar. Afinal, as pandemias mudam as sociedades.

Em tempo: – Isso não é conversa de 1º de Abril.

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