19 de abril de 2024
ArteCoronavírus

REFLEXÕES NA ESPUMA DA SEGUNDA ONDA

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Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte (1884) – Georges Seurat – Instituto de Arte, Chicago


Quem pensava que o campeonato era em dois turnos, reclama agora que a prorrogação do segundo tempo da partida final, não tem fim.

Jogadores exaustos e comissão técnica ainda atordoada, que até a arma secreta não deu os resultados esperados, estão convencidos: nada de returno.

O torneio é em pontos corridos, num mata-mata sem fim.

Segue o jogo, duro e cruel.

Neste intervalo de descanso, quando é dado  pelo ataque adversário, uma rápida trégua, cabe uma análise calma da situação.

A velocidade como a pandemia se espalha e se modifica, não dá margem à elaboração de estratégias comprovadas em testes de longa duração.

A pressa justifica os improvisos e os experimentos.

O que parecia o pior dos quadros, previsto em projeções matemáticas, não se concretizou.

A comparação com a gripe espanhola mostra que a maior das pandemias, um século atrás, foi mais rigorosa no número de contaminados e nas estatísticas fúnebres, pelo menos,  trinta vezes mais impiedosa.

Observatórios permanecerão vigilantes, prontos para alertar aos sinais  de ressurgimento do que se pensava ter sido levado pela  última onda.

Algumas estratégias, como  intervenções tardias e concentração dos recursos para  atendimento às fases críticas, foram erros a não ser repetidos.

Os cientistas haverão de concordar com um memento terapêutico de drogas que atuem nas diferentes fases da evolução da virose, sem preconceitos contra as reposicionadas.

Questões trabalhistas, carga horária e o múltiplo emprego, ainda estão a merecer atenção dos legisladores e fiscais das condições sanitárias, incluída a sanidade mental, dos trabalhadores da Saúde.

Não é demais lembrar que brechas na legislação só serão preenchidas com a melhoria na remuneração.

Atalhos e desvios por veredas de pantanosos contratos coletivos para multiplicar horas trabalhadas, continuarão produzindo cuidadores exaustos, insones e subprodutivos. E que  adoecem mais.

Serviços improvisados e hospitais de campanha deixarão de ser promessas para solução de problemas cronificados.

As antigas facilidades quando equipadas adequadamente e com pessoal treinado e experiente, fazem a  diferença.

A maior das esperanças, a vacina, revelou-se primordial e indispensável, mas ainda não é a bala de prata, nem o tiro de misericórdia.

O vírus não desaparecerá do nosso convívio. Continuará à espreita, ávido por se multiplicar.

A pandemia Covid-19 passa; modificado, o vírus da Covid-19, fica.

Só há um remédio que faz jus ao selo de eficiência comprovada, mesmo sem certeza da dose exata.

O fim do isolamento e o  retorno às atividades sociais, escolares e econômicas plenas devem ser retomados com parcimônia e paciência.

Escola e trabalho para todos, do jeito que repetem os candidatos em cada eleição.

Não custa acrescentar ao arsenal de defesa, a requentada receita do tempo das avós.

Canja de galinha.

E sua mais fiel acompanhante.

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O Sena em Courbevoie (1885) – 
Georges Seurat Coleção privada

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Um banho em Asnières (1884) – Georges Seurat – Galeria Nacional, Londres

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O Circo Georges Pierre (1891) – 
Georges Seurat – Museu de Orsay, Paris

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O tumulto (1899) – Georges Seurat – 
Museu Kröller-Miller, Otterlo, Holanda

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Camponês com enxada (1882) – Georges Seurat – 
Galeria Nacional de Arte, Washington

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