28 de março de 2024
Saúde

Resistir é preciso: Anvisa protege o Brasil da ignorância e negacionismo

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Por Chico Alves no UOL

Por duas vezes, o espírito público do contra-almirante Antonio Barra Torres, diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi destacado nesta coluna, em contraposição à sabujice de outras autoridades federais.

A primeira, em maio. A segunda foi há dez dias, quando a Anvisa já estava sob uma saraivada de fake news disparada pelo presidente Jair Bolsonaro – ele inventou, inclusive, que a agência pretendia fechar o espaço aéreo brasileiro por causa da nova variante da covid-19, a ômicrom.

Como Bolsonaro não suporta subordinados autônomos e pautados pela ciência, era de se esperar que os ataques do presidente aumentassem.

Mesmo para alguém que há três anos se mostra completamente desequilibrado, porém, o ocupante do Palácio do Planalto ultrapassou todos os limites na live de quinta-feira passada (16).

Não bastasse retomar a pregação contra a vacina (dessa vez espalhando mentiras sobre a imunização de crianças!), Bolsonaro exigiu que fossem tornados públicos os nomes dos funcionários da Anvisa que aprovaram a vacinação dos pequenos com idades entre 5 e 11 anos.

“Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e forme o seu juízo”, disse o presidente, sob o olhar bovino de um de seus maiores puxa-sacos, o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).

Como se sabe, a vacinação de crianças foi o mote de ameaças endereçadas a servidores da Anvisa há algumas semanas. Ao dizer o que disse, Bolsonaro fez explícita incitação às gangues negacionistas (digitais ou não) para atacar funcionários públicos unicamente por fazerem seu trabalho.

A ameaça do presidente – que dispõe de todo o aparato de comunicação que o cargo oferece – contra servidores indefesos tem um nome: covardia.

Cercado de gente pusilânime, que aceitará todas as indignidades do presidente para manter o poder ou o acesso a recursos públicos, Bolsonaro está sem freio.

Se não gritarmos para defender a saúde das nossas crianças e a autonomia dos servidores que querem protegê-las, por qual motivo haveremos de botar a boca no trombone?

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