23 de abril de 2024
CoronavírusCULTURA

RITO DE PASSAGEM

0923A6CA-BBC3-4140-A4C0-6B228AB0CBC8
Passados cinco meses de quarentena, chegou o momento do início do retorno à vida menos distanciada.

O Dia dos Pais mostrou que grande parte das famílias já não guardam mais idosos em isolamento total.

É possível contatos ao vivo,  com distanciamento seguro.

O que as autoridades sanitárias sempre afirmaram, que o confinamento visava o achatamento da curva de infecção e o tempo de preparar os serviços médicos para atender um grande número de acometidos de uma vez só, já passou.

Com muitas perdas que não podemos parar  de lastimar, é tempo de aceitar que a vida vai retomando seu curso em busca do ponto onde foi interrompida.

Será gradual e cuidadosa,  esta volta.

O que não se deve alimentar, é sentimentos de culpa.

O pequeno de cinco anos não conteve o que  guardava na cabecinha,  a mil.

Mal o carro levando toda a família, dobrou a esquina em direção à casa dos avós, fez o angustiado e inocente pedido:

Se alguém adoecer, não venham botar a culpa em mim.


(Publicação original em 11/08/2019)


TUDO PASSA

A vida não é maravilhosa, os dias não são radiantes e só falta amor no coração e paz na alma, pr’aqueles que não têm as amizades certas nas redes sociais.

Todos os dias,  são dezenas de mensagens dando uma força  ao  ânimo,  antes do primeiro batente da jornada.

Começos de semana e mês, merecem postagens multiplicadas. Em flores, cenas das estações no hemisfério norte e bebês johnson dinamarqueses.

Confesso ter uma certa dificuldade em retribuir tanta generosidade.

Às vezes imagino o que ocorreria se um amigo, agradecendo a pílula diária de otimismo e fé, aproveitasse para pedir a solução de um problema mais trivial.                               Um pequeno  empréstimo de trinta moedas do vil metal.

Para não parecer um anti-social blogosférico é melhor ter sempre à ponta do dedo teclador, uma seleção de emojis.

Rostinhos sorridentes, amáveis, ternos e agradecidos.

Quem mais entra neste clima, captura, usa e lucra é a publicidade.

Anúncios de bancos, sempre mais longos, fazem a gente flutuar no desapego das ilusões fúteis.

Não parecem querer vender nenhum produto.

Apenas desejos que todos tenham as vontades satisfeitas, viajem pelos quatro cantos deste mundo redondo e sejam felizes.

Neles, nunca sobra tempo nem há espaço para informar a quantas andam as taxas dos juros no cheque especial.

Alguns reclames ficaram na memória que nem o desaparecimento das empresas conseguiu esquecer.

Varig. Varig. Varig!

Outros, desde a primeira inserção, conquistam o cliente.

Entrou no ar um que tem tudo para ir longe, domar o leão de Cannes e alcançar o hall da fama.

Passa os melhores sentimentos de resiliência e aplica no pessimismo, uma dose letal de superação.

Simples. Como são as ideias mais geniais.

Na medida certa. Um turbilhão de emoções, sem pieguismo.

Sob os  acordes da imorredoura obra de Nelson Ned, a certeza que toda dificuldade terá destino. E fim.

Que tudo passa, tudo passará.

E nada fica, nada ficará.

Como sói acontecer quando se escolhe Mari.                          

O primeiro vaso sanitário com sifão de 50 mm.

E único com  chancela presidencial.                       Capaz de recolher o cocô de coxinhas e mortadelas.

Em dias alternados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *