SEGREDOS GUARDADOS

   Renoir (1841 – 1919) 

Documentos mais reservados dos governos só costumam ser revelados, passados  25 anos  dos acontecimentos.

Se forem realmente importantes, saem das pastas secretas para as páginas da História.

Alguns, nunca serão conhecidos, mantendo dúvidas e aumentando a curiosidade para sempre.

Um dos maiores, o que teria ocorrido na Área 51, em Roswell no estado americano do Novo México em 1947, ainda não foi esclarecido.

Os restos do balão metereológico que o exército sempre afirmou ter recolhido no deserto, para os ufólogos,   são  a maior prova da existência de vida inteligente e mais avançada que a dos terráqueos, em algum lugar da galáxia. Ou em outro mundo.

Relatos de testemunhas oculares, depoimentos em leitos de morte, centenas de fotos e filmes retocados, transformados em literatura e cinema, ainda não convencem as autoridades a dar um ponto final ao que se especula há 73 anos. Ou o pontapé para novas perguntas e  muito mais polêmica.

Era esperado que a ameaça trazida pela pandemia pudesse reconciliar desafetos, apaziguar as guerras e  revelar os escondidos.

Estão ainda para acontecer.

No recolhimento das famílias, assuntos fadados ao esquecimento têm sido recuperadas em fotografias manchadas pelo tempo e lembranças de personagens que há muito não tinham voz.

Uma recordação puxa outra e quando nem se espera, pessoas queridas ganham vida e são  apresentadas às novas gerações.

Qual uma  prova de revezamento, os gens passados de uns aos outros, na corrida contra o tempo,  vão conduzindo as origens ao que virá.

Na mesma época, após a mesma guerra, em ambiente igualmente  agreste, a disputa da primeira eleição para prefeito colocou em palanques e chapas opostas, sogro e genro.

No tempo em que opositores não mereciam nem os cumprimentos urbanos, a esposa, para assumir o cargo de principal cabo eleitoral do marido, não se desincompatibilizou da condição de filha.

Sempre que sabia que o pai, morador de uma fazenda distante, estava entre correligionários, em volta de uma mesa de baralho, nos fundos de um snooker-bar, não se inibia em violar o espaço exclusivo masculino.

Sua presença na sala esfumaçada por cigarros nervosos, interrompia o carteado, para o pedido da bênção paterna e a cerimônia de beija-mão.

Parceiros, testemunhas e circunstantes não mereciam deferência alguma.

Nada, além do olhar confiante de quem esperava a vitória eleitoral.

Que veio.

Joanita Tôrres Arruda Câmara, filha de Antônio Cleophas da Silva (Totô Jacintho), casada com Lauro Arruda Câmara, mãe do autor, estaria completando hoje, 109 anos.