24 de abril de 2024
Jornalismo

SEM FALTA DE ADEUS

 

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Há um ano, quando publicou sua última crônica, 
Danuza Leão não teve despedidas, choro nem vela.

Saiu à francesa.

Pela discretíssimas nota do jornal, ninguém saberia os motivos.

Foi preciso que uma  amiga inconfidente, revelasse num blog, que a modelo da alta-costura, relações públicas, promoter, jurada de programa de TV, colunista de jornalão, escritora de best-sellers e até atriz de filme de Gláuber Rocha, não aguentava mais a auto-censura.

Depois do politicamente correto, o feminismo moderno e de tantos vitimizados por  supostos preconceitos,  quem fala do relacionamento das pessoas passou a exercer  atividade perigosa.

Nem sempre os jornalistas têm direito a despedidas dos espaços que ocupam por muito tempo. Às vezes, décadas.

Principalmente, se a razão é a troca para um veículo concorrente. Ou outro prefixo.

Por tempo de serviço, o correspondente internacional Luís Fernando Silva Pinto requereu o benefício da aposentadoria.

Depois de rodar o mundo, cobrindo guerras que não respeitavam armistícios, estava em porto seguro, afundeado em Washington, a capital mundial da política.

Sua derradeira participação no noticiário, já tarde da noite,  é uma lição de elegância e satisfação ao público.

Fez um breve resumo dos 44 anos da profissão, lembrando ter acompanhado conflitos armados, sem nomear nenhum deles.

Todos iguais, na insensatez.

Não deixou esquecida sua dedicação em garimpar os avanços da ciência que trazem esperanças de uma vida melhor.

Longe do tipo velho lobo do mar, enalteceu as qualidades dos novos colegas, reconhecendo que sua geração que se renova, era mais arraigada a preconceitos.

O epílogo da saga não poderia ser mais singelo e tocante.

Escolheu como a melhor de todas, a reportagem da sua vida, a realizada em Nova Délhi,  há 36 anos.

Foi  no tumulto dos funerais de Indira Gandhi que conheceu a mulher com quem viria casar um ano depois.

Seu trabalho permanecerá inesquecível. Nas retrospectivas e nos registros de testemunha presente em momentos únicos na história da humanidade.

Os espectadores sentirão falta da sua voz, estilo e jeito de transmitir notícias.

A Heraldo Pereira, âncora do jornal que não contará mais com sua presença, deixou uma pista do que pretende fazer daqui pra frente.

Se alguém perguntar que fim levou aquele repórter?
A resposta será simples.                                                        
Ele está bem.
Está com a namorada.

É tudo tão simples.

Não é mesmo, Danuza Leão?

Despedida do veterano correspondente em Washington Luis Fernando Silva Pinto do Grupo Globo (12/20)

One thought on “SEM FALTA DE ADEUS

  • Geraldo Batista de Araújo

    Ainda bem que ele edtá com a namorada, pois a moda hoje é homem com homem e mulher com mulher. Felizmente sou da moda antiga. Gosto de mulher fêmea gemedora.
    ,

    Resposta

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