24 de abril de 2024
CoronavírusPolítica

SEM POVO, SEM GRAÇA

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Na mais recente eleição, o peso da influência das redes sociais nos resultados, foi considerado maior que qualquer outra forma de divulgação dos candidatos e suas propostas.

Mobilizações dos correligionários em comícios e passeatas cada vez ficam mais raras. Agora, impossíveis de fazer, com a exigência  do distanciamento no controle da pandemia.

A criatividade dos políticos dará um jeito para que todos saibam quem vai resolver todos os nossos problemas. Até a cura da Covid-19.

Para alguns, sem debates, melhor ainda.

Houve um tempo que o princípio maria vai com as outras, era o que mais contava para impressionar o eleitor que não perdia o voto. Ou pensava que não.

Passeatas movidas a sanduíche de mortadela e birita, medidas em quarteirões de gente, subiam e desciam ladeiras, até a hora de pegar o sol com a mão.

Cada partido tinha suas equipes de especialistas em levar o povão pra rua; toda cidade, o Seu Segundo Moreira.

(Publicação original em 13/07/2019)

ELEIÇÃO SEGUNDO MOREIRA

Se tivesse, como muitos, embarcado num pau-de-arara e terminado em alguma  comunidade do Rio de Janeiro, teria alcançado o generalato. Mais um dos notáveis do morro. Da comissão de frente.

Ou diretor de evolução, se o posto alcançado na escola de samba não passasse de  major ou coronel.

A vida não quis assim.

A vocação só foi revelada onde menos se poderia esperar.

Agropecuarista (pequeno). Do ramo menos aquinhoado de tradicional família (grande) da aristocracia rural. Morador de sítio quase dentro da cidade.

Sempre presente na  Urbi et Orbi.

Prosando. Assuntando. Politicando.

Nova Cruz, sua Roma e  universo.

Segundo Moreira gostava mesmo era de campanha política.

Tinha lado, lugar e vez.

Tapioca, jamais. Nunca mudou de lado. Nem de cores. Nem de líderes.

Não bastava participar.

Era de organizar a massa. Operacional.

Virou especialista em mobilizações.

Tudo pela manutenção dos votos prometidos, conquista de indecisos e pânico nos adversários.

Passeata era com ele mesmo.

Voz ativa na escolha  dos itinerários.

Feeling aguçado para  as melhores ladeiras.  E ruas mais estreitas.

Sabia como aumentar o cordão dos foliões-eleitores. E preencher mais espaço com o menor número de pessoas.

Seus índices de metro quadrado por correligionários eram invejáveis.

Imbatível nessa equação inversa.

Se uma passeata estava menos concorrida, quase parando antes do grande comício final, dava um jeito. De animar. Parecer maior e impressionar mais.

Tudo começava quando abria os braços, qual um redentor. E seguia.

Aos pulos,  de uma esquina a outra.                Em rasantes de asas de paulistinha. Pernadas e cangapés. Botando a ala moça no seu lugar.

Os desanimados pra correr.

Pra frente quem vinha atrás.

Devagar quem já ia longe.   

E o grito de guerra:

-E S P A I A !

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