Senador Jean Paul costura aliança para adiar votação da MP da Eletrobras
Deu no Valor
Há uma aliança em curso para derrubar ou, no mínimo, adiar a votação da MP da Eletrobras prevista para a tarde de hoje.
O movimento foi favorecido pela pressão do setor produtivo contra o aumento de tarifas por vir, a insegurança decorrente da nova ordem no setor elétrico às vésperas de um racionamento de energia e o azedume do Senado com as declarações do relator da medida na Câmara, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), de que restituiria todos os “jabutis” que os senadores viessem a suprimir.
A reação é articulada por uma aliança improvável de senadores de esquerda e independentes, capitaneada pelos líderes da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN), e da bancada feminina, Simone Tebet (MDB-MS), com a adesão de senadores liberais do Podemos como Oriovisto Guimarães (PR) e Jorge Kajuru (GO) , além de emedebistas como o senador Veneziano Rego (PB) ou senadores da base do governo, como Carlos Portinho (PL-RJ).
“O texto passou na Câmara porque a opinião pública e o setor produtivo estavam desatentos.
Agora a reação cresceu e o Senado tem a oportunidade de mostrar que não vai mais pactuar com os lobbies de interesses privados”, diz Prates.
“Derrotar esta MP no voto pode ser o começo do fim do governo”, acrescenta Simone.
A articulação começou pela redação de um substitutivo, que seria apresentado em plenário para tomar o lugar da MP na expectativa de convencer o governo de que o texto em tramitação não guarda nenhuma relação com seus propósitos originais.
A MP foi apresentada quando o presidente Jair Bolsonaro fez a intervenção na Petrobras colocando o general Joaquim Luna e Silva no lugar de Roberto Castello Branco.
“Foi uma maneira de Bolsonaro mostrar ao mercado que mantinha alguma aderência com a pauta liberal, mas a proposta foi tão desvirtuada que prejudica produtores e consumidores e só atende a um punhado de interesses paroquiais”, diz Prates.