UM NOVO E EXIGENTE CLIENTE
Imagine a dificuldade que é empreender nestes tempos de Economia incerta e cambaleante.
E em restaurantes, então, depois que o tsunami pandêmico arrastou a metade deles?
As dificuldades começam na escolha do público alvo.
Pois, é preciso, além de conquistar o cliente, torná-lo fiel.
Qualquer erro na estreia pode ser fatal. Daí, a importância de um período de testes, soft open, para sentir as reações dos futuros fregueses cativos.
Antes que essa chuva toda encharque o já molhado roçado dos gurus da autoajuda, vamos ver se na prática, é diferente a teoria.
Duvida-se que algum consultor para novos negócios na gastronomia leve em consideração um segmento do mercado ainda não devidamente valorizado.
Os netos.
Hoje em dia, é deles a palavra final na escolha do “pra onde vamos?”
Os avós, mais permissivos, delegam aos pequenos a decisão, e só são vetadas as redes de fast-food que incluem no cardápio, além das megacalorias, brinquedos e bonecos.
A nova casa de pasto era modernosa e interessante. Assim contaram.
Com facilidade de estacionamento, menu variado, boa carta de vinhos e preços na média. Tudo equilibrado, para agradar a todos.
Para quem faltou ao pantagruélico encontro familiar, resta imaginar o que não terão feito para resolver um grave problema de origem.
Só o maître sabe como salvou o negócio que sobreviveu, pouco depois da inauguração a um longo jejum em confinamento.
Foi ele quem ouviu do neto de cinco anos a crítica transformada em sentença, a ser cumprida pela família toda, incluído o avô, ausente daquela vez.
Demorou muito. Nunca mais volto aqui.