20 de abril de 2024
Coronavírus

UMA CENA DA VELHA GUERRA

D00A30AD-F4A3-40AB-B6AF-629891ED1689
(Publicação original em 16/04/2019)

São outros os peregrinos.

Antes. Doentes, pacientes.

Hoje. Doença, endêmica.

Em novas e todas as terras, pandêmica.

Tempos velhos de guerra  disputada vis a vis.

Novas, modernas,  de legiões recolhidas em alerta total, em suas casas. Poucos nas linhas de frente, nos campos de batalhas.

Aos jovens, bravos guerreiros, uma amostra de como era a lida dos antigos combatentes.

Que ainda não mudou.

PACIENTE D’ALHURES

Em toda atividade profissional sempre há competição e ciumeira entre colegas.

Não tenho dúvida que a campeoníssima é a Medicina.

Entre os hipocráticos arde mais  a fogueira das vaidades. Mesmo levando-se em conta   tantas frustrações e sentimentos de impotência inerentes ao ofício.

Na sala dos médicos, lugar onde os guerreiros-cirurgiões repousam e aproveitam para botar todo tipo de assunto em dia, escuto o lamento de um colega.

Trabalhando duro há muito tempo, já sonhando com a aposentadoria, tinha angariado razoável clientela.

Pacientes, basicamente, de Natal e arredores. Raros aqueles que o procuravam vindos do Oeste  ou mesmo do Seridó.

A reclamação, em tom de inveja, era que um colega muito mais novo,  estava operando naquele momento um paciente vindo do exterior. Coisa que nunca havia acontecido com ele.

Espantado como a fama do invejado havia chegado tão longe,  até ao estrangeiro, perguntou-me onde ficava o Sudão.

Curioso, resolvi esclarecer o assunto.

Naquela época o Sistema Único de Saúde, SUS, era também Descentralizado.

O paciente havia internado pelo SUDS, jocosamente apelidado pelo Otorrino brincalhão, pelo aumentativo da sigla, homônimo do país do norte da África.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *