UMA CONDUTA ILIBADA
Como as aparências enganam, sair de uma situação constrangedora é matéria que não se aprende na escola, mas que devemos saber como lidar.
As respostas nem sempre saem como deveriam, em muitas oportunidades só dá mesmo para uma reação medular.
O melhor é não se perder com muita explicação e ir direto ao assunto.
Às vezes, uma palavra chave explica tudo, mas se faltarem argumentos, sempre haverá a velha e vazia saída:
E daí?
Toda atividade profissional tem lá seus riscos.
Na Medicina, os potenciais perigos dependem da especialidade.
O médico e militar baiano, radicado há tempos no Rio de Janeiro, a princípio para fazer especialização, e que foi ficando pra nunca mais voltar, não podia imaginar a ameaça que viria sofrer.
De danos à sua reputação, pelo exercício da profissão.
Quase provecto, morador do Leblon, família bem constituída. Cidadão acima de qualquer suspeita, com bela carreira.
O almirante tinha ido ao encontro de um amigo da boa terra em lobby de hotel.
Papo colocado em dia. Notícias dos parentes e amizades comuns. Essas conversas de quem não se vê há muito tempo.
O conterrâneo aproveita a ocasião, e faz uma consulta ali mesmo.
Queixa-se de um problema que o incomodava há dias. Nas partes, dizia-se assim à época, pudendas.
Experiente, sabendo de antemão que devia ser algumas doença comum, frequente em sua clientela de marinheiros, resolve fazer o exame, no banheiro, logo alí, à frente.
Quando estava abaixado, inspecionando de perto as lesões, entra no recinto um terceiro personagem que não tinha nada a ver com a cena comprometedora.
Não teve nem de ouvir toda essa estória que acaba de ser contada. Só a justificativa, foi mais que plausível:
Não é nada disso que você está pensando. Sou Urologista.
(Caso contado em 06/05/2019)