VELHO HÁBITO
Entre os jovens, são raros os fumantes . De tabaco.
As campanhas de combate ao fumo foram vitoriosas. Não se vincula mais o hábito que virava vício, ao prazer e ao sucesso.
Novos valores foram sendo incorporados e a ideia de uma vida glamurosa, dispensava o antigo charme estimulado por astros do cinema e televisão.
Até atletas faziam apologia das maravilhas das novas marcas de cigarro.
Quando for escrito o resumo final da pandemia, o vilão vai aparecer como dos principais fatores de agravamento da doença mais terrível.
Então, será dado o último trago.
(Publicação original em 24/06/2019)
HOMEM SEM H
Para comprar cigarros, pelo menor no bar anexo ao snooker, era preciso caprichar na pronúncia.
Continental e Astória, tudo bem. Até Minister. Eram vendidos sem nenhum problema.
Mas se algum desavisado, fissurado no vice-campeão de vendas (o Continental era imbatível), pedisse com pronúncia hollywoodiana, corria o risco de ficar no fumo-de-rolo.
Pior, quando a Souza Cruz lançou seu mais sofisticado produto. Visando um público de maior poder aquisitivo, fez muita propaganda. E barulho.
Mais que um cigarro. Um estilo de vida.
Apesar de todos os cartazes com fotos de homens de smoking, beldades de longos e dos displays cheios da novidade, ali só comprava quem esquecesse o ‘h’ aspirado.
Como em Portugal, onde o esporte é andebol e o paraíso tropical, Baamas, naquele salão de bilhar, a classe e a suavidade anunciadas eram vendidas só a quem pronunciasse Ílton.
Aos insistentes a explicação do dono, o Seu Helano:
-Por acaso, meu nome é Relano?